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Com a vitória decidida nas notas dos últimos quesitos, a escola Beija-Flor de Nilópolis comemora o 13; título de campeã do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro. As seis melhores colocadas voltam à Sapucaí no sábado (21/2), a partir de 21h, para o desfile das campeãs. A Viradouro, que teve como destaque na comissão de frente a atriz Juliana Paes, foi rebaixada.
Ao completar 40 anos, a Beija-Flor resgatou a exaltação e a alma africanas com um enredo em homenagem à Guiné Equatorial para tentar fugir do sétimo lugar de 2014. Para isso, a escola ignorou o polêmico regime político ditatorial vivido pelo país, que garantiu R$ 10 milhões de patrocínio. Na voz de Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo foi um dos pontos altos da passagem, ajudando a manter a empolgação.
A escola foi a terceira a desfilar na madrugada de terça-feira (17) e esbanjou sua tradicional riqueza de detalhes na avenida. Uma série de símbolos da cultura do país africano foi mostrada na Marquês de Sapucaí, como os griôs, anciãos da África Ocidental que tinham a responsabilidade de estudar e reproduzir os saberes do povo. A colonização europeia e a escravidão foram outros temas abordados pela escola.
Nenhuma escola foi punida por descumprir o limite de tempo na avenida. Nove quesitos serviram de base para a avaliação: harmonia, fantasia, alegorias e adereços, mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, samba-enredo, bateria, enredo, evolução.
No inicio da apuração, cinco escolas seguiam empatadas na liderança: Mocidade, Salgueiro, Portela, Beija-Flor e Unidos da Tijuca. Contudo, apenas o Salgueiro recebeu quatro notas 10 em harmonia. Com as pontuações do quesito fantasia, o Salgueiro, Portela e Beija-Flor empataram com 60 pontos cada. O julgador Walber Ângelo de Freitas não lançou nota para a Unidos da Tijuca em alegorias e adereços. Nesse caso, segundo o regulamento, foi repetida a maior nota dada no mesmo quesito, neste caso nota 10. O Salgueiro perdeu um décimo no quesito mestre-sala e porta-bandeira.
A divulgação das notas foi acompanhada por famosas rainhas de bateria. A atriz Viviane Araújo, rainha do Acadêmicos do Salgueiro, chegou confiante. A morena Juliana Alves, da Unidos da Tijuca, também foi para apoteose acompanhar as notas. Sabrina Sato, rainha da Vila Isabel esbanjou simpatia.
Favoritas
As melhores escolas cariocas, na avaliação dos críticos, foram: Portela, Beija-Flor e Unidos da Tijuca, Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel, que comandaram o show na primeira noite.
Na busca pelo bicampeonato, a Unidos da Tijuca provocou uma viagem aos símbolos, personagens e lendas da Suíça. Uma homenagem ao carnavalesco Clóvis Bornay, filho de pai suíço e lendário campeão de fantasias de luxo do carnaval carioca, fez o elo entre o Brasil e o país patrocinador do desfile. A escola lembrou as inovações tecnológicas, as caixinhas de música e o acelerador de partículas atômicas. Com a atriz Juliana Alves como rainha, a bateria estava fantasiada de guarda suíça.
Aos gritos de ;é campeã;, a Portela encantou na avenida com 450 drones, que representavam a idade que a cidade do Rio de Janeiro completou este ano. Também arrancaram aplausos a Águia Cristo Redentor, que se curvou diante do público, e os paraquedistas que pousaram com sinalizadores nos pés em meio à passarela para anunciar a chegada da escola. Apesar de tanta ostentação, alguns problemas técnicos, como o carro que desfilou de luzes apagadas, podem custar pontos importantes da agremiação.
No primeiro dia de desfiles no Rio, o Salgueiro distribuiu doce de leite para as pessoas que estavam nas arquibancadas em uma referência ao enredo que abordava a culinária mineira. O primeiro carro alegórico que entrou na Sapucaí ; Sonho de um Paraíso Delirante ; do enredo desenvolvido pelos carnavalescos Renato e Márcia Lage, ficou preso na dispersão e causou preocupação aos integrantes. Com a ajuda de mais componentes da escola o carro foi retirado. De acordo com o regulamento, se as alegorias não forem retiradas do local, a escola perde ponto. Outros carros que entraram na avenida preocuparam os salgueirenses, mas não houve problemas.
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Os leitores votaram em enquete do correiobraziliense.com.br e a maioria não concordou com a vitória da Beija-Flor de Nilópolis no Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro. Do total de 257 votos, 82% (213 votos) discordaram do prêmio dado à agremiação.
O ranking das seis melhores
Beija-Flor
Salgueiro
Portela
Unidos da Tijuca
Grande Rio
Imperatriz Leopoldinense
Enredo da Beija-Flor
Um Griô Conta a História: Um Olhar sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a Trilha de Nossa Felicidade.
Vem na batida do tambor
Voltar na memória de um griô
Fala cansada, mãos calejadas
Ouça o menino Beija Flor
Ceiba, árvore da vida
Raízes na verde imensidão
Na crença de tribos antigas
Força e povoada nesse chão
O invasor singrou o mar
Partiu em busca de riquezas
E encontrou nesse lugar
Novas Índias, outras realezas
Destino trocado, tratado se faz
Marejam os olhos dos ancestrais
Negro canta, negro clama
Liberdade!
Sinfonia das marés
Saudade!
Um africano rei que não perdeu a fé
Era meu irmão, filho da Guiné!
Formosa, divina ilha
Testemunha dos grilhões
Eu vi a escravidão erguer nações
Mas a negritude se congraça
A chama da igualdade não se apaga
Olha a morena na roda e vem sambar
Na ginga do balélé, cores no ar
Dessa mistura vem meu axé
Canta Brasil! Dança Guiné!
Criança! Levanta a cabeça e vá embora!
No mar que trouxe a dor,
Riqueza aflora
Tens uma família agora!
Quem beija essa flor não chora.
Sou negro na raça, no sangue
E na cor.
Um guerreiro Beija Flor
Oh minha deusa soberana!
Resgata sua alma africana