O projeto Vale Sustentável, coordenado pelo engenheiro agrônomo Francisco Auricélio de Oliveira Costa, presidente da Associação Norte-Rio-Grandense de Engenheiros Agrônomos (Anea), promoverá o reflorestamento do Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, que sofre forte ação de degradação.
O projeto foi selecionado para apoio pelo Programa Petrobras Socioambiental e receberá, em dois anos, R$ 2,8 milhões para recuperação de área superior a um milhão de metros quadrados de áreas degradadas.
Em entrevista nesta sexta-feira (16/1) à Agência Brasil, Costa destacou que o Vale do Açu sofre degradação ambiental com a extração de argila, para produção de tijolos e telhas para o parque ceramista, e lenha para queimar esses produtos. ;Este é o dano maior. Isto vem sendo operado em escala muito larga no Rio Grande do Norte;, lamentou.
As cerâmicas produzidas abastecem mercados do estado e também de Pernambuco, da Paraíba e parte do Ceará, ;o que causa degradação muito forte. Este é o cenário;. Com base nessa constatação, foi idealizado o projeto Vale Sustentável para participar do edital socioambiental da Petrobras. A meta é recuperar boa parte das áreas degradadas, tornando o trabalho referência, ;porque ninguém faz isso na região;.
Auricélio Costa informou que cerca de 65 mil mudas de espécies nativas, com cajueiros, umbuzeiros, juazeiros e cajaranas, são cultivadas para o reflorestamento do Vale do Açu. O plantio ocorrerá entre os meses de março e maio deste ano, por moradores de assentamentos da reforma agrária, que são áreas de domínio público, chamadas reservas legais.
O presidente da Anea explicou que as comunidades assentadas são induzidas a participar do projeto, por meio de ações de educação ambiental, ;porque não basta você ir em uma área degradada e plantar as mudas. Se a comunidade não for educada, conscientizada para fazer mais, não ajudará o projeto;. Costa salientou que, como as comunidades precisam de renda, as pessoas que participarem do plantio serão remuneradas. ;Não é um trabalho voluntário;, disse.
As comunidades envolvidas participam de cursos de conscientização ambiental. Elas são preparadas para que não desmatem e recuperem áreas degradadas. "Com isso, conseguiremos manter uma reserva de cerca de 600 mil hectares como patrimônio;.
Além da recuperação de áreas, o projeto pretende formar uma rede de 40 coletores de sementes, regulamentados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Cursos de capacitação são ministrados sobre recursos naturais, tratamento de resíduos sólidos e lixo nas agrovilas.
Segundo Costa, a maior dificuldade foi conseguir sementes para o início do projeto. A ideia é formar coletores que fornecerão sementes para o projeto, entidades públicas e viveiros privados da região. O projeto prevê, ainda, a formação de 40 jovens agentes ambientais da rede pública de ensino, na faixa etária de 12 a 18 anos, para monitoramento das reservas ambientais.
As informações mapeadas do projeto também servirão de subsídio para trabalhos desenvolvidos por institutos federais da região. Costa prevê concluir o projeto até o fim deste ano.