Jornal Correio Braziliense

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Qualidade do ar no Rio e em São Paulo está nos níveis de 2004

De acordo com os resultados obtidos, as capitais dos dois estados atendem ao limite de material particulado fino definido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

O Projeto Fontes, coordenado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, apurou que os números registrados no ano passado de material particulado fino - fração da poluição mais nociva à saúde humana - foram iguais aos verificados em 2004. Participaram também do levantamento equipes do Centro de Pesquisas da Petrobras, dos institutos de Física e de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

A pesquisa constatou que as duas cidades têm níveis muito semelhantes de material particulado fino, o que desmente a tese que uma é mais poluída que a outra. O diretor do Departamento de Química da PUC-RJ, professor José Marcus Godoy, avaliou hoje (9), em entrevista à Agência Brasil, que o resultado foi positivo. ;Você teve fatores positivos e negativos que se anularam. Teve um aumento muito grande da frota [de carros] nos últimos anos nas cidades, com os financiamentos a perder de vista, mas, por outro lado, essa frota é mais moderna e a qualidade do combustível também melhorou;.

No Rio de Janeiro, foi avaliado o material coletado na Praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte da cidade; no Recreio dos Bandeirantes e em Jacarepaguá, zona oeste; e no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em São Paulo, o material foi coletado nas estações de amostragem localizadas na USP, na Escola de Saúde Pública, em Congonhas e no Parque do Ibirapuera.

De acordo com os resultados obtidos, as capitais dos dois estados atendem ao limite de material particulado fino definido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é 20 microgramas por metro cúbico (;g/m3). ;As cidades e os estados têm como objetivo, no longo prazo, atingir o limite da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 10 microgramas por metro cúbico. Não se está muito longe (disso);, ponderou Godoy.

Essa meta, insistiu, é perfeitamente factível, pois ;ela está sendo atingida de cara, e acho até que alguma ambição a mais não faria mal;. Alcançar a meta depende de atuação maior dos órgãos fiscalizadores, apontou. ;O problema é que essa fiscalização, na realidade, é muito falha. É só a gente andar na rua e ver que há muito carro velho que os caras nem param, porque o custo de levar para o depósito é maior do que o preço do carro. Você vê ônibus, caminhão, van mal regulados, soltando aquela fumaça preta. Se houver uma fiscalização efetiva nesses casos, rapidamente se atinge esses valores. Não se está longe. É só uma questão de correr um pouco atrás;, ressaltou.

O projeto teve patrocínio da Petrobras, no valor de R$ 4 milhões, e a estatal estim que há ;boas perspectivas de se alcançar o limite de 10 microgramas por metro cúbico daqui a nove anos;. O diretor da PUC-RJ acredita, entretanto, que isso poderá ser alcançado antes desse prazo. ;Depende de o estado e o município tomarem para si essa tarefa, ainda mais o Rio, como cidade olímpica;. Sugeriu, inclusive, que a prefeitura carioca aproveite os Jogos Olímpicos na cidade, em 2016, para promover campanha de conscientização do cidadão, para que não saia à rua com carros que poluem, mal regulados, ;e que os guardas de trânsito sejam orientados a efetivamente pararem esses carros;, recomenda.



Godoy insistiu que ;o mote das Olimpíadas é boa oportunidade para uma campanha de conscientização. É só uma questão de vontade política;, reforçou. Segundo ele, nada impede que o projeto seja expandido para outras regiões metropolitanas do país. Os equipamentos estão disponíveis. O que falta para tornar isso realidade é patrocínio, além de parceiros locais.

A redução de enxofre no diesel (desde 2011) e na gasolina (a partir deste mês), aliada à modernização da frota, que diminui a cada ano a emissão de gases poluentes, contribuem para manter a qualidade do ar similar à de 2004, mostra o estudo.