;O pessoal fala que antigamente era fácil demais de formar a braquiária: derrubava o mato e estava pronto;, conta Aldo Danetti. O ;mato; de que o pecuarista de 57 anos fala é a Floresta Amazônica, e a braquiária é o tipo de capim mais comum na região. Ele é dono de uma fazenda de 480 hectares, em Alta Floresta, no norte de Mato Grosso. O local foi colonizado entre as décadas de 1970 e de 1980, com o incentivo dos governos militares sob o lema ;uma terra sem homens para homens sem terra;. Derrubada a floresta, a matéria orgânica que ;sobrava; por cima da terra era tão rica que o capim crescia em abundância.
[SAIBAMAIS]Entretanto, de três a quatro décadas depois da substituição da floresta pela monocultura do capim, a natureza está dando o troco. A principal e, muitas vezes, única fonte nutricional dos rebanhos amazônicos, o capim-braquiária, começou a sofrer a chamada ;morte súbita;. Pecuaristas do Mato Grosso, do Pará, do Acre e de Rondônia sofrem com o amarelamento das folhas, que morrem rapidamente.
;Não tem como salvar. Parece até um fungo que dá na terra e, quando chove, ele se espalha. Quando eu precisava mesmo do capim, ele raleava;, lamenta Danetti sobre as estações chuvosas, época do gado ganhar peso para o abate. A explicação mais aceita é que a morte súbita da braquiária é gerada pelo encharcamento do solo, que reduz a oxigenação nas raízes. Debilitada pela alteração da terra, ela fica suscetível à infestação de fungos, que se desenvolvem melhor no ambiente úmido e matam a planta.
Depois de uma má sucedida tentativa de reformar o pasto, sem assistência técnica, há alguns anos, Danetti é hoje um dos criadores atendidos pelo projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono, do Instituto Centro de Vida (ICV), uma ONG de Mato Grosso. Satisfeito, conta os resultados obtidos enquanto faz o manejo das 143 cabeças da raça nelore de um curral para o outro ; ambos repletos de capim. ;Eles vêm bem assim. Se eu suplementar com ração, rodo o gado mais rápido pelos piquetes (currais), mato o boi mais novo, com um peso melhor, para botar outro no lugar.;
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