Outro caso clássico de abandono de imóveis tombados em Minas ocorreu em Oliveira, na Região Central, nde um dos mais importantes bens culturais foi vencido por máquinas e retroescavadeiras. Depois de muitos anos sem restauração e em situação de risco de desmoronamento, o Casarão da Figuinha, cuja construção, presume-se, é da segunda metade do século 19, foi demolido em agosto. ;Falta educação patrimonial. Muita gente entende que patrimônio é coisa de poeta e de saudosistas, mas é a historia que está contada nesses bens. Oliveira tem um acervo riquíssimo, que está se perdendo por falta de cuidado e preservação;, afirma o arquiteto e ex-secretário de Cultura da cidade, Heraldo Laranjo. Ele diz ainda que, por abandono, outros dois casarões viraram ruínas. Na cidade, também é motivo de discordância o recente tombamento do centro histórico.
CASARÕES NO CHÃO
São João del-Rei, no Campo das Vertentes, também experimentou a decadência de bens tombados. De acordo com promotor Antônio Pedro da Silva Melo, da 1; Promotoria de Justiça, o caso mais emblemático de descaso com a história na cidade foi a demolição de dois casarões no entorno da Igreja de São Francisco de Assis. ;As casas, centenárias, faziam parte do acervo do tombamento da igreja e estavam proibidas de passarem por qualquer intervenção não autorizada. Mesmo assim, os proprietários ignoraram a recomendação e derrubaram os imóveis;, contou o promotor.
Além do pedido de ressarcimento de danos no valor de R$ 4 milhões, a Justiça proibiu que qualquer edificação fosse erguida no local até que se decida quais providências definitivas serão tomadas, segundo o promotor. Ainda de acordo com Antônio Pedro, outros imóveis estão em mau estado de conservação na cidade. Na lista, ele destaca o sobrado do Barão de São João del Rei, que hoje tem problemas na estrutura das paredes, com trincas e infiltrações, além de danos no telhado. ;De modo geral, os bens abandonados são fruto de herança de família e não há interesse ou dinheiro para restauração;, explica o promotor.