Jornal Correio Braziliense

Brasil

Procuradora diz que recurso desviado em RO foi usado em campanha eleitoral

Deflagrada na manhã de hoje, a Operação Plateias objetiva desarticular organização criminosa formada por lobistas e agentes públicos

Vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko disse hoje (20) , após a Polícia Federal (PF) ter deflagrado a Operação Plateias, que as investigações do Ministério Público Federal indicam que o dinheiro desviado em Rondônia foi utilizado em 2010, na campanha eleitoral para o governo do estado ;O que posso dizer é que era dinheiro para campanha eleitoral do governador eleito em 2010;, afirmou.

Entretanto, a procuradora informou não ser possível dizer se o governador Confúcio Moura e outras autoridades participavam do esquema. ;O inquérito está sob sigilo. Naturalmente, como a operação é publica, não dá para dizer que não há mandados de prisão, busca e apreensão e condução coercitiva. Não posso avançar sobre o conteúdo", salientou.

Deflagrada na manhã de hoje, a Operação Plateias objetiva desarticular organização criminosa formada por lobistas e agentes públicos. Eles são acusados de desvio de recursos públicos e direcionamento de licitações no estado de Rondônia. No início da tarde, o governador Confúcio Moura foi levado à sede da PF, em Porto Velho, para prestar depoimento. Conforme a PF, o prejuízo aos cofres públicos de Rondônia ultrapassa R$ 57 milhões.


Conforme Ela Wiecko, a operação é resultado de inquérito judicial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em parceria com o Ministério Público de Rondônia, Controladoria-Geral da União e PF. ;Inicialmente, o inquérito corria no estado de Rondônia. Como surgiram indícios de participação do governador, pela prerrogativa de foro, veio para o STJ. Passamos o ano coletando informações;, acrescentou.

Para a vice-procuradora, o esquema segue o ;padrão; do que vem ocorrendo no Brasil. ;O empresário dá dinheiro para o caixa eleitoral e recebe a promessa de vantagens, entre elas dispensa de licitação e superfaturamento. É a volta do dinheiro adiantado. Além disso, os próprios agentes públicos acabam ficando com um porcentagem;, revelou.

Procurado pela Agência Brasil, o governo de Rondônia não se manifestou sobre as declarações de Ela Wiecko. Em nota divulgada anteriomente, salientou que o governador "não compactua com ações criminosas" e que "apoia integralmente qualquer iniciativa que tenha por fim combater eventuais crimes ao Erário público". O documento informou, ainda, que o governo "mantém sua rotina de trabalho" e que Moura "colocou-se à disposição da Polícia Federal para prestar as informações necessárias ao bom andamento das investigações".