Jornal Correio Braziliense

Brasil

Réu confessa assassinatos, mas nega uso de carne humana em salgados

"Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência", Jorge Beltrão quebra o silêncio e depõe de olhos fechados



"O senhor me pareceu uma pessoa muito esquecida", ironizou a promotora, ao perguntar se Jéssica atendia às características da seita. Jorge respondeu, dizendo que a seita era para um mundo mais perfeito com pessoas que produzissem trabalho da terra. "Não tinha um líder, nos combinávamos entre nós. Bruna sempre apoiava e, às vezes, vinha com requisitos, como por exemplo a explosão demográfica. Pessoas demais no mundo, pessoas que tem filhos por ter", acrescentou, dizendo que o significado de cartel é organização e, por isso escolheu esse nome para a seita.

Canibalismo

Em seguida, a promotora leu um trecho do livro onde Jorge fala que viveu com as duas mulheres em total harmonia. Ele disse que comeu a carne das vítimas, mas que não era ele que preparava. "As pernas, fogo e terra. As mãos, água e ar. O principal elemento era Deus, a cabeça", falou, sendo interrompido pela promotora: ""Deus deve estar com uma raiva danada", disse Eliane. "Concordo com a senhora. Depois que o tempo passou, tomei consciência e voltei ao mundo real. Tomei consciência dos erros cometidos ", retrucou.

Ao final, uma revelação: Jorge disse que a carne humana não teria sido utilizada na produção de salgados. "Na realidade, não houve coxinha. Isabel disse que confirmou ao delegado por medo de represália. Isso não existiu, simplesmente tomou forma, corpo. Ela falou por medo de ser torturada. Não houve colocação de carne humana em salgado algum", garantiu.

Perguntado sobre o golpe da jugular que ele costumava dar nas vitimas com faca, o acusado respondeu: "Segundo a Bíblia, não devemos usar o sangue, porque o sangue não é puro", justificou, acrescentando que a carne humana tem sabor de carne bovina e que era temperada, confirmando ainda que a filha de Jéssica comeu a carne da própria mãe.

Arrependimento
Em seguida, Jorge perguntou se poderia fazer uma pergunta à promotora. Após o concentimento, ele questionou: "A senhora acredita em Deus?", ingadou. E ela respondeu que sim, mas que não acreditava no arrependimento do réu, que rebateu: "Quem tem que acreditar ..." "É Deus", completou Gaia, encerrando sua participação.

Em seguida, a defensora Tereza Joacy Gomes começou suas perguntas questionando desde quando Jorge freqüentava um psiquiatra. Ele disse que Lamartine, o psiquiatra forense, determinado pela justiça para fazer o laudo dele, não o teria entrevistado.