Itaituba - Indígenas da etnia mundurucu do estado amazônico do Pará, no norte do país, começaram a delimitar, com a ajuda de estacas e GPS, uma imensa área de 1.700 km2 que consideram suas terras ancestrais, cansados de esperar pelo governo, segundo dados obtidos pela AFP.
O governo pretende construir uma hidrelétrica nesta região. Os indígenas aguardam há 13 anos o reconhecimento oficial de suas terras por parte do Executivo que, a pedidos da justiça, deve respondê-los em 10 dias.
"Nossos rios já não têm peixes e em nossos bosques é cada vez mais difícil encontrar caça: cansamos de esperar e viemos tomar nossas terras. Sabemos o que é nosso, conhecemos nosso território", explicou o cacique Juarez Saw Mundurucu, que acompanhou a demarcação iniciada há duas semanas.
Aproximadamente 70 homens, mulheres e crianças com facões e um GPS entraram na selva para delimitar com estacas o território ancestral ainda não reconhecido pelo governo, entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do estado do Pará.
[SAIBAMAIS]A Funai (Fundação Nacional do Índio) havia se comprometido a publicar em março deste ano um relatório constatando que esse é seu território, o que seria o passo mais importante para o reconhecimento final, mas isso ainda não aconteceu, informou à AFP o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Na semana passada, um juiz deu o prazo de 15 dias à FUNAI para publicar esse documento.