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Risco de epidemia para dengue e chikungunya atinge 117 cidades

Desde que começou a ser transmitida no Brasil, em setembro, até 25 de outubro, já foram confirmados 824 casos da chikungunya, sendo apenas 39 importados. Em relação à dengue, houve redução de 61% em relação a 2013, quando houve transmissão de um novo sorotipo de dengue

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (4/11) o Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), levantamento por meio do qual se analisa o risco de epidemia de dengue e, agora, de febre chikungunya nos municípios. Desde que começou a ser transmitida no Brasil, em setembro, até 25 de outubro, já foram confirmados 824 casos da chikungunya, sendo apenas 39 importados. Os locais que registraram maior número de registro da doença são Oiapoque (AP) e Feira de Santana (BA). Ambas as doenças são transmitidas pelo mesmo mosquito.

[SAIBAMAIS] Em relação à dengue, neste ano, foram notificados 556.317 casos, uma redução de 61% em relação a 2013, quando houve transmissão de um novo sorotipo de dengue. O auge de infecção das enfermidades acontece no verão. O LIRAa traz informações sobre 1.463 cidades. A pesquisa é feita nos domicílios, onde se identifica se há focos de larvas dos mosquitos, como, por exemplo, no prato dos vasos das plantas.

De acordo com o levantamento, 813 municípios estão em situação satisfatória - com menos de 1% do índice de infestação. Outros 513 estão em alerta e 117, em situação de risco - com mais de 4% de índice de infestação. Das cidades que estão em risco, 96 estão no Nordeste e 10 são capitais. O Distrito Federal está em situação satisfatória.

"O LIRAa permite que o prefeito saiba, nos seus municípios, quais são os bairros que têm maior incidência do mosquito. Em vez de agir sem saber onde está o problema, ele age sabendo onde está o foco", disse o Secretário de Vigilância Sanitária, Jarbas Barbosa. No Nordeste, por exemplo, 78,8% dos focos estavam em depósitos de armazenamento de água, o que pode ter relação com a seca, que leva as pessoas a "guardarem" água.

Campanha

O Ministério também anunciou o início da campanha contra dengue e febre chikungunya. Ambas as doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e tem maior número de casos durante o verão Além do Aegypti, a chikungunya também é transmitida por meio do Aedes Albopictus.

O Ministério ressaltou a importância de se intensificar as medidas de prevenção, ainda mais com o risco de infecção de um novo vírus. ;Não tenhamos dúvida de que o perigo aumentou e a responsabilidade é de todos;, disse o ministro.

O combate à chikungunya é feito da mesma forma que à dengue: controlando a proliferação dos mosquitos. ;A variável é que podemos controlar é a população de mosquito. Onde tiver alto índice de Albopictus e Aegypti, pode ter transmissão de dengue e chikungunya;, disse. O mosquito gosta de sangue humano e, por isso, ronda as casas das pessoas e está muito presente nas áreas urbanas.



Sintomas semelhantes

As duas doenças têm sintomas semelhantes. As maiores diferenças são que a chikungunya é menos letal, mas o paciente tem dores nas articulações mais acentuadas, podendo se estender por meses e se tornar crônica. Barbosa afirma que, nos protocolos enviados a Secretarias de Saúde, é reforçada a orientação para o profissional ficar atento a possíveis agravamentos. ;A chikungunya é menos letal e corre o risco de o profissional achar que é chikungunya, e não se atentar para os sintomas de agravamento da doença.;

Os primeiros casos de transmissão interna da doença foram registrados em Oiapoque, em um pai e uma filha. Foram confirmados na última semana. Além do Aedes Aegypti, o Aedes Albopictus também é um vetor importante no contágio da enfermidade. Como o vírus é novo no Brasil e pega a população suscetível, há o alerta sobre a possibilidade de registro um número alto de casos, como já ocorreu com a entrada de novos sorotipos de dengue no Brasil, principalmente no verão, o que reforça a necessidade de medidas de prevenção.

Diversos países das Américas, com maior intensidade no Caribe, passaram a registrar infecções da doença em dezembro de 2013 e desde então já contabilizaram 651.344 casos suspeitos. Entre eles, estão a Venezuela, a Guiana e alguns casos no Estados Unidos. Com o alerta da transmissão em países vizinhos, o Ministério da Saúde passou a monitorar a doença. Desde o fim do ano passado, o Ministério da Saúde envia informes às secretárias de Saúde Estaduais e municipais para que todos os casos suspeitos sejam notificados.