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ABL elege terceiro imortal em um mês: Zuenir Ventura

Eleito pela Academia Brasileira de Letras para a vaga deixada com a morte de Ariano Suassuna, o jornalista Zuenir Ventura diz que trabalhará para aproximar a instituição da sociedade. Ele teve 35 dos 37 votos possíveis

Eleito pela Academia Brasileira de Letras para a vaga deixada com a morte de Ariano Suassuna, o jornalista 
Zuenir Ventura diz que trabalhará para aproximar a instituição da sociedade. Ele teve 35 dos 37 votos possíveis

O jornalista e escritor Zuenir Ventura foi eleito na tarde de ontem para ocupar a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que pertenceu ao paraibano Ariano Suassuna, morto em julho último após um acidente vascular cerebral. Aos 83 anos, Ventura concorreu com os poetas Olga Savary e Thiago de Mello, que também eram candidatos, mas não chegavam a ser favoritos por não terem feito campanha pela vaga.

No total, 18 acadêmicos estavam presentes durante a votação e 19 enviaram os votos por carta. Dos 37 votos, Ventura obteve 35. Thiago de Mello e Olga Savary ficaram cada um com um. O escritor recebeu a notícia na casa do amigo Mário Dantas, que reuniu outros amigos para aguardar a apuração. Ventura sabia que era o favorito dos acadêmicos, mas preferiu esperar o resultado para comemorar. ;Eu, na verdade, tinha muita esperança, mas não tinha expectativa. Eleição é só voto, é quando se abrem as urnas;, disse. ;Não vou fingir que a notícia não era esperada, mas é como se fosse, tive um misto de sentimentos, emoções, alegrias e felicidades. É um dos momentos mais alegres da minha vida, foi realmente emocionante.;

Ventura é o terceiro imortal escolhido pela ABL este mês. Desde o início de outubro, a academia se reúne para preencher as vagas deixadas pela morte de Ivan Junqueira, de João Ubaldo Ribeiro e de Ariano Suassuna. Na semana passada, o historiador Evaldo Cabral de Mello foi eleito para a cadeira 34, que foi de João Ubaldo. No início do mês, Ferreira Gullar foi escolhido para ocupar a cadeira 37, que foi de Getúlio Vargas, João Cabral de Mello Neto e, por último, do poeta Ivan Junqueira. A cadeira na qual Ventura vai se sentar a partir de hoje durante as sessões da ABL pertenceu a Carlos de Laet, Ramiz Galvão, Viriato Correia, Joracy Camargo e Genolino Amado.

Autor de cinco livros-reportagens e um romance, Ventura ganhou o Prêmio Jabuti em 1995 por Cidade partida, livro sobre a violência no Rio de Janeiro. No entanto, seu ensaio mais celebrado é 1968: o ano que não terminou, uma análise dos fatos que marcaram o período mais conturbado da década de 1960. Publicado em 1988, o livro vendeu mais de 400 mil exemplares. Em 2012, ele publicou o segundo romance, Sagrada família, uma pequena novela sobre a vida de uma moça em uma cidade do interior.

Responsabilidade

Na ABL, o escritor acredita que precisará fazer um trabalho que vá além dos encontros e chás da tarde dos acadêmicos. ;Representa uma honra muito grande pertencer a uma instituição como a Academia, uma das instituições mais antigas e tradicionais e que consegue se renovar mantendo a tradição;, diz. ;Acho que é uma responsabilidade muito grande em relação à nossa categoria de jornalista e estou com a sensação de que vou ter muita responsabilidade. Não vai ser só alegria, oba-oba, só essa coisa festiva. A academia hoje é uma instituição que dialoga com a sociedade, tem cursos, palestras. Enfim, vou trabalhar nesse sentido de ajudar a academia a incorporar as manifestações culturais da sociedade.;



Obras
; 1968: o ano que não terminou (1989)
; Cidade partida (1994)
; Inveja: mal secreto (1998)
; Chico Mendes: crime e castigo (2003)
; 1968: o que fizemos de nós (2009)
; Sagrada família (2012)