As provas colhidas por policiais reforçam a suspeita de que o vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, 26 anos, preso na noite de terça-feira, é o responsável por 39 assassinatos que aterrorizaram Goiânia a partir do início do ano. Ao ser detido, ele vestia as mesmas roupas que usou nos crimes e estava com a mesma moto. Na casa dele, a polícia encontrou uma arma de fogo. O exame de balística das munições encontradas no corpo de seis das vítimas confirmou serem do revólver calibre .38 dele.
Capacete, roupas pretas, capa, mochila e tênis identificados em imagens de estabelecimentos onde ocorreram os crimes foram apreendidos na casa de Thiago. ;Tudo fechou em cima dele;, disse Eduardo Prado, um dos delegados integrantes da força-tarefa montada para investigar a série de crimes contra mulheres goianas. De acordo com a polícia, entre os crimes cometidos pelo vigilante, estão a morte de oito moradores de rua, um homem, duas mulheres que não constavam da apuração das autoridades e 14 pessoas mortas aleatoriamente.
As placas usadas na moto também ajudaram a polícia a chegar ao suspeito. No ano passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra Thiago por furtar uma placa de uma motocicleta no estacionamento de um supermercado de Goiânia. Imagens de câmeras de segurança mostram a execução do crime. Também no ano passado, ele foi preso em flagrante em uma motocicleta com placa roubada, mas acabou solto. Segundo a Polícia Civil, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo, próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil do estado, Thiago cometeu uma tentativa de suicídio ontem. O jovem estava sob monitoramento constante, isolado em uma cela praticamente vazia. No entanto, num momento em que ficou sozinho, Thiago teria quebrado a lâmpada e tentado cortar os pulsos. O barulho chamou a atenção dos agentes, que retornaram para a cela e impediram que ele aprofundasse os ferimentos. Ele passa bem e ficará em uma delegacia até uma decisão judicial sobre o destino dele. Thiago é apontado como o serial killer que matava mulheres na capital goiana.
O Corpo de Bombeiros foi chamado para fazer o atendimento necessário. Não foi preciso levá-lo ao hospital. Ainda de acordo com informações da assessoria da Polícia Civil, Thiago não passou ainda por exames psicológicos, mas a força-tarefa criada para investigar as mortes em série deve fazer o pedido em breve. A cela que ele ocupava na Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos estava sem móveis ou objetos. Um agente ficou responsável pelo monitoramento do detido durante todo o tempo. Porém, ele teria conseguido quebrar a lâmpada no momento em que pediu um café. Apesar da tentativa os ferimentos foram superficiais e a Polícia Civil apresentou o suspeito à imprensa. No entanto, Thiago permaneceu afastado dos jornalistas. Segundo a polícia, ele fica ;alterado na presença de mulheres;.
;Transtornado;
Thiago não se pronunciou durante a apresentação. O delegado Eduardo Prado conta que o suspeito é frio e se transforma na presença de mulheres. ;É impressionante como ele fica transtornado. Ele franze a testa, muda o olhar. Com os agentes homens, ele conversa tranquilamente. Com as mulheres, não;, relata o delegado.
Desde janeiro, 14 vítimas do sexto feminino, de 13 a 35 anos, foram assassinadas em Goiânia em circunstâncias parecidas: com tiros disparados por motociclistas usando capacetes escuros. O primeiro crime ocorreu em 18 de janeiro, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada no Setor Lorena Park. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, baleada em 2 de agosto. As mortes sequenciais fizeram as forças de segurança unirem esforços para chegar ao assassino.
Assista a reportagem da TV Brasília:
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