A retirada de centenas de famílias que ocupam desde março deste ano a área de uma antiga fábrica no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, será definida em uma reunião, em breve, entre o juiz que concedeu a reintegração de posse, os autores da ação e os órgãos do estado e do município encarregados dos setores de habitação, ação social e segurança.
O encontro será marcado pelo juiz Andre Fernandes Arruda, titular da 7; Vara Cível do Fórum do Méier, que não quis precisar a data, para evitar aglomerações em frente ao fórum, como ocorreu em abril passado, quando foi decidida desocupação do prédio da Oi/Telerj, também na zona norte.
O magistrado já concedeu liminar determinando a reintegração de posse da área aos proprietários da antiga Tuffy Habbib, empresa que produzia utensílios domésticos, que fechou há vários anos. Porém, na medida, ele ressalta que a ação deverá ser precedida de ação das secretarias estadual e municipal de Habitação e de Ação Social, a fim de evitar violência no processo, como ocorreu na reintegração de posse do prédio da Oi/Telerj.
;Eu tentei chamar todos que possam ajudar aquelas pessoas. Não adianta só chegar e colocar na rua. Temos que colaborar de alguma forma. Alguns fatores contribuíram para a gente não conseguir ainda cumprir a decisão, como a complexidade de envolver vários órgãos e a grande quantidade de pessoas na invasão;, explicou.
O juiz destacou ser necessária garantia de que o processo ocorrerá da forma mais pacífica possível, pois no imóvel vivem muitas pessoas idosas e também crianças. Outra preocupação é quanto à localização da ocupação, dentro do Complexo do Alemão, área considerada pacificada pelo governo do estado, que ali instalou Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), mas que tem sido palco de recorrentes confrontos entre policiais militares e traficantes que continuam no local.
;Tudo tem que ser feito com muito cuidado. A gente tem que cumprir [a ordem de desocupação], não tem jeito. E tem que tentar fazer isso o mais rápido possível, para evitar o mal maior. Se não, daqui a pouco você sai para trabalhar e quando voltar, tem alguém na sua casa. Aquelas pessoas vão ter que sair, mas de uma forma digna, de forma pacífica;, disse Andre Fernandes.