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Encontro de pediatras no Rio debate novos desafios da puericultura

Tema central do congresso de pediatria, a puericultura é prática secular que envolve o acompanhamento do crescimento, do desenvolvimento físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem cognitiva da criança até a adolescência

A puericultura, cuidado e acompanhamento do desenvolvimento da criança, vive uma crise de identidade e traz novos desafios para a pediatria. Este foi o mote da abertura do 9; Congresso de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Consoperj) hoje (9), que deve atrair mais de 1.500 pediatras até sábado, quando termina o evento, no centro da capital fluminense.

Tema central do congresso de pediatria, a puericultura é prática secular que envolve o acompanhamento do crescimento, do desenvolvimento físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem cognitiva da criança até a adolescência. Para o pediatra Luciano Abreu, um dos conferencistas, as descobertas científicas e reorganizações familiares têm trazido novas questões para os pediatras.

;Como em toda crise, é preciso meditar sobre o que somos e qual é a nossa história. Que desafios o futuro apresenta para a puericultura, com as perspectivas de manipulação genética e biotecnologia? É preciso responder a essas perguntas. Passado, presente e futuro revistos, analisados e projetados tornarão a prática da puericultura mais consciente e consistente;, declarou ele.

O professor de pediatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Marcos Junqueira do Lago, explicou que o pediatra lida hoje com crianças com uma gama de patologias maior do que nas décadas passadas.



;Há 20, 30 anos, muitas crianças tinham doenças sem cura, que não chegavam até o fim da gestação, porque a tecnologia não permitia, e tudo isso diminuiu muito. Atualmente, recebemos crianças que foram prematuras, tiveram problemas durante a gestação e já chegam com questões diferentes. Temos conhecimento muito maior do que pode acontecer com a criança, na vida adulta, de acordo com seu desenvolvimento na infância. Isso nos dá maior responsabilidade sobre uma criança com colesterol [alto] e sedentária, por exemplo;, declarou.

O presidente da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), promotora do evento, Edson Liberal, explicou que com as descobertas das últimas décadas, o cuidado com a alimentação saudável tornou-se crucial no cuidado infantil. ;Crianças obesas agora, terão doenças metabólicas no futuro. Então, é fundamental fazer essa prevenção, principalmente nos dois ou três primeiros anos [de vida] para evitar infarto agudo do miocárdico, acidente vascular encefálico na vida adulta e gasto em saúde no futuro;, disse ele.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sílvio da Rocha Carvalho, ressaltou que o comportamento das famílias na atualidade também tem mudado o desenvolvimento da criança, e os pediatras devem estar alertas para isso. ;Hoje, temos várias famílias e tipos diferentes de famílias, e isso é um desafio para o médico e para todas as pessoas. É importante despir-se de determinadas crenças sociais, pois os tratamentos também são completamente diferentes. Cuidar da saúde é também entender a adaptação das pessoas ao meio ambiente. ;Este tema é totalmente relevante, pois a puericultura sempre existiu e sempre foi falada, mas nunca foi discutida;, completou.