Cinco deles atuaram na Polícia Civil de Minas Gerais, sendo três deles no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Dois atuaram na Polícia Militar mineira e um, militar do Exército, atuou no 12; RI. Um tenente-coronel reformado se dispôs a depor. O 12; RI, que atualmente é chamado de 12; Batalhão de Infantaria (12; BI), é apontado no dossiê Brasil nunca mais, elaborado em 1985, como palco de tortura de 74 pessoas.
[SAIBAMAIS]
Dois torturadores denunciados por dezenas de vítimas davam expediente no quartel. Um deles, Octávio de Aguiar Medeiros, depois de barbarizar nos porões, chegou a ser chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e postulou uma candidatura a presidente.
Medeiros, como ficou conhecido pelas vítimas, foi o responsável pelo inquérito do Comando de Libertação Nacional (Colina), um dos grupos em que a presidente Dilma Rousseff (PT) militou. O outro é o capitão Hilton Paulo Cunha Portella, que veio do Rio de Janeiro e atou no 12; RI em 1969 e 1970. Era conhecido pelo codinome de Doutor Joaquim e pelo menos 18 vítimas apontam que ele atuava com requintes de crueldade e sadismo.
Em novembro do ano passado, a CNV esteve no DOI-Codi de SP; em janeiro, na 1; Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar do Rio; em maio, na Base Aérea do Galeão; e, na semana passada, a comissão esteve com ex-presos políticos no 1; Batalhão de Polícia do Exército, local onde funcionou o Doi-Codi do Rio.
No dia 14 de outubro, a CNV visitará o local em que funcionou o Doi-Codi do 4; Exército, no Recife. E, antes do fim do ano, fecha o roteiro com visita à Base Naval da Ilha das Flores, onde funcionou presídio mantido pela Marinha. O relatório final deve ser entregue 10 de dezembro, quando é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. O mandato da atual diretoria da CNV vai até 16 de dezembro.
RECONHECIMENTO
Pressionada pela CNV, em fevereiro deste ano, as Forças Armadas instauraram comissões de sindicância para investigar o uso das instalações militares para a prática de violações de direitos humanos, como tortura e assassinatos de presos políticos. Na semana passada, o ministro da Defesa, Celso Amorim, enviou um ofício à comissão reconhecendo, pela primeira vez, a ocorrência de desaparecimentos e mortes durante a ditadura militar.