Após 118 dias de greve, a maior da história da Universidade de São Paulo (USP), as aulas foram retomadas hoje (22). O acordo para colocar fim à paralisação foi firmado, na última quarta-feira, no Tribunal Regional do Trabalho da 2; Região. Após cinco audiências, o impasse foi resolvido. A proposta apresentada ; 5,2% de reajuste salarial pagos em duas parcelas, abono salarial de 28,6% e décimo terceiro salário de forma integral ; foi aprovada em assembleias dos professores e dos funcionários na semana passada.
Para o sindicato dos trabalhadores, a greve foi necessária para fazer com que a reitoria abrisse negociação com os servidores. ;Não conseguimos a reivindicação de aumento de 9,58%, mas a reitoria teve que sair do zero e concordar com a inflação do período. E terá que pagar abono retroativo a maio;, explicou Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Ele destaca, como vitória, a sinalização, por parte do governo do estado, de que os hospitais universitários não serão desvinculados da USP.
Sobre a reposição das horas da greve pelos funcionários, Carvalho explica que o acordo é que haverá compensação do trabalho acumulado. ;[Caso seja necessário fazer horas extras,] haverá o limite de 70 horas;, explicou. A proposta da reitoria da USP era que as horas deviam ser integralmente repostas, com 2 horas diárias durante seis meses. ;Isso seria punição. Há setores que não têm trabalho acumulado nenhum. Repor as horas independentemente da natureza do trabalho, é não reconhecer o direito de greve;, contestou.
No caso dos professores, o calendário de reposição das aulas será definido por cada unidade. De acordo com a reitoria, apenas duas das 42 unidades de ensino da USP tiveram as aulas afetadas pela paralisação, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e Escola de Comunicações e Artes. ;Estamos falando em retomada de aulas do primeiro semestre, porque, de fato, fica muito difícil falar em uma reposição que dê conta dos 118 dias de greve;, avaliou César Minto, vice-presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp).
Embora tenha aderido à greve no início, em 27 de maio, os trabalhadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encerraram a paralisação no dia 11 de setembro, quando a reitoria fez a proposta de um abono de 28,6% e reajuste de 5,2% em duas parcelas. Os professores retomaram as aulas no dia 1; de agosto, após aceitar abono salarial de 21%. Em setembro, foi oferecido abono complementar de 7,6% aos docentes. De acordo com a assessoria de imprensa da Unicamp, agosto foi dedicado à reposição de aulas do primeiro semestre. O segundo semestre letivo passou para o período de 1; de setembro de 2014 a 10 de janeiro de 2015.
Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), as atividades foram retomadas hoje, assim como na USP. A reitoria informou que cada unidade fará reuniões para discutir a recuperação dos dias parados. A mesma proposta de reajuste e abono foi oferecida aos trabalhadores da universidade.