Por último, o laudo aponta que, quando as escoras começaram a ser retiradas, seria possível notar que a estrutura exercia grande força sobre esses anteparos, o que, segundo o documento, não é normal e demonstraria que essas peças suportavam o peso do viaduto e não poderiam ser removidas. Nesse ponto, os peritos sustentam que os engenheiros da Cowan e os fiscais da Sudecap ; que deveriam estar presentes na retirada do escoramento ; tiveram a última chance de evitar o desmoronamento do viaduto.
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Frederico Correia Lima Coelho, o laudo não diz claramente que os cálculos errados causaram o desabamento, mas lista uma sucessão de fatores e omissões. ;Houve possibilidades de se tomar atitudes durante o tempo, por meio de revisões. Mas, pelo que o laudo aponta, não há na conclusão sobre qual o mais importante fator para o desabamento;, disse. Já o promotor que acompanha o caso, Eduardo Nepomuceno, não tem dúvida de que houve omissões. ;Há uma sucessão de erros graves e de oportunidades de se evitar prejuízos e mortes, que não foram evitados. O prejuízo estamos garantindo que sejam ressarcidos. Já as mortes e as responsabilidades criminais ainda dependem do inquérito da Polícia Civil;, disse.
Alertas ignorados
Confira as falhas apontadas pela perícia como determinantes para o desastre:
1. Revisão dos projetistas da Consol poderia ter detectado os cálculos estruturais errados que tornaram o viaduto mais fraco;
2. A Prefeitura de BH poderia ter conferido cálculos do projeto executivo antes de entregá-lo para que a empreiteira Cowan iniciasse a obra;
3. Técnicos da construtora Cowan deveriam ter revisado os números equivocados do projeto recebido antes de executar a obra;
4. Fiscais da PBH não detectaram alterações no projeto feitas pela Cowan, como a abertura de janelas na pista do viaduto e a falta de nata de cimento em estruturas que conferem reforço à obra;
5. Engenheiros da Cowan e fiscais da PBH poderiam ter impedido a retirada das escoras quando se mostraram presas ao viaduto, devido ao peso excessivo da construção mal dimensionada.