Jornal Correio Braziliense

Brasil

Operação busca 24 PMs suspeitos de corrupção no Rio de Janeiro

Chefe de Operações Especiais da PM é um dos envolvidos. Criminosos exigiam propinas que variavam entre R$ 30 e R$ 2.600, cobradas diária, semanal ou mensalmente, como garantia de não reprimir qualquer ação criminosa

Uma quadrilha formada por pelo menos 24 policiais militares foi desarticulada na manhã desta segunda-feira (15/9) no Rio de Janeiro. A suspeita é de que o grupo exigia pagamento de propina de comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas na área do batalhão. Na operação, que cumpre 43 mandados de busca e apreensão e 25 de prisão preventiva, foi preso inclusive o policial que ocupa o terceiro posto na hierarquia da PM, de chefe de Operações Especiais, o ex-comandante coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira. A ação é realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública e a Corregedoria-Geral da Polícia Militar. Segundo a SSP, 22 PMs haviam sido presos até às 12h.

Segundo a investigação, os PMs integravam o 14; Batalhão de Polícia Militar (Bangu), inclusive os integrantes do Estado-Maior. Além de Alexandre Fontenelle, foram denunciados o ex-subcomandante major Carlos Alexandre de Jesus Lucas ; ambos lotados atualmente no Comando de Operações Especiais ;; os majores Nilton João dos Prazeres Neto, que é chefe da 3; Seção, e Edson Alexandre Pinto de Góes, coordenador de Operações; os capitães Rodrigo Leitão da Silva, chefe da 1; Seção, e Walter Colchone Netto, chefe do Serviço Reservado. Segundo o MP, também são acusados de integrar a quadrilha 18 praças e um civil.



Entre 2012 e o segundo semestre de 2013, os acusados e mais 80 pessoas, entre os quais policiais do 14; BPM, da 34; DP (Bangu), da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), além de PMs reformados, praticavam diversos crimes de concussão, que é a extorsão cometida por servidor público, na área de atuação do 14; BPM. A denúncia aponta que os criminosos exigiam propinas que variavam entre R$ 30 e R$ 2.600, cobradas diária, semanal ou mensalmente, como garantia de não reprimir qualquer ação criminosa, seja a atuação de mototaxistas, motoristas de vans e kombis não autorizados, o transporte de cargas em situação irregular ou a venda de produtos piratas no comércio popular de Bangu.

;Balcão de negócios;

Depoimentos de testemunhas, documentos e diálogos telefônicos interceptados com autorização judicial compõem mais de 20 volumes de inquérito. Segundo a denúncia, ;o 14; BPM foi transformado em um verdadeiro ;balcão de negócios;, numa verdadeira ;sociedade empresária S/A;, em que os ;lucros; eram provenientes de arrecadação de propinas por parte de diversas equipes policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo, sendo que a principal parte dos ;lucros; (propinas) era repassada para a denominada ;Administração;, ou seja, para os oficiais militares integrantes ;Estado Maior;, que detinham o controle do 14; BPM, o controle das estratégias, o controle das equipes subalternas e o poder hierárquico;.

Os envolvidos devem responder judicialmente na 1; Vara Criminal de Bangu pelo crime de associação criminosa armada, que não consta do Código Penal Militar. A pena é de dois a seis anos de reclusão. Diversos crimes de concussão também serão apurados pela Auditoria de Justiça Militar estadual.