O ato, salientou, não se restringia aos gays ou lésbicas assassinados diariamente em todo mundo. ;É por todos nós, é pela mulher, é pelo hétero, é pelo negro, por qualquer pessoa que se sinta discriminada, que seja considerada uma praga pela sociedade;. Os manifestantes querem provar que "não são pragas", mas pessoas com anseios, amores. ;A gente só quer poder andar na rua com o nosso parceiro ou parceira;, disse. Fernandes destacou também o apoio essencial que deve ser dado ao segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) pela família, ;porque esse é o grande alicerce de todas as pessoas;.
[SAIBAMAIS]
Para a doutora em história e pesquisadora Rita Colaço, atos como o de hoje são importantes para todas as pessoas comprometidas com os direitos humanos se mobilizarem. ;São anos seguidos de índices aumentando e a gente não vê uma resposta do Congresso Nacional. A gente percebe que o Congresso está sempre de costas para a rua, para aquilo que as pessoas reivindicam;. Ela lembrou que o Brasil tem leis para reprimir a discriminação por motivo religioso e por raça, ;mas a discriminação aos LGBT continua à margem;.
Segundo Rita, isso é um sinal de que o Congresso entende que essa parcela da população não merece direitos. ;É o único que continua à margem da Constituição;. Heterossexual, mas com parentes e amigos homossexuais, o desenhista Leslie Fontenelle avaliou que os crimes contra o segmento LGBT traduzem um discurso de ódio no Brasil. ;O que está se discutindo é a criminalização do discurso de ódio, de se pregar o ódio;. Para Fontenelle, trata-se de uma questão não só homossexual, mas humana. Ele considerou que, no momento em que pessoas de visibilidade pregam ódio e violência, ;a sociedade deve se levantar e dizer que isso não é aceitável;.
O coordenador especial da Diversidade Sexual do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, ressaltou a importância de se participar de manifestações em prol dos direitos humanos. ;A gente só vai construir um país melhor quando os direitos de todos forem respeitados;. Segundo ele, falta solidariedade hoje à população. O município do Rio de Janeiro comemorou na última semana os 18 anos da pioneira Lei de Combate à Discriminação LGBT.
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O deputado federal Jean Willys, também presente ao ato, observou que as pessoas devem ir para as ruas se manifestar contra crimes que quase sempre passam despercebidos e muitos deles são desqualificados como crimes homofóbicos pela própria polícia. ;Movimentos como esse, espontâneos, nascidos da sociedade, são importantes por isso;. Ele concordou com Carlos Tufvesson que falta solidariedade à população, mas acrescentou que falta a honestidade de ;encarar esses crimes e reconhecer a motivação homofóbica deles, porque não adianta olhar o crime, ficar chocado e desqualificar sua motivação homofóbica;.
Em uma ação conjunta das polícias Civil e Militar de Inhumas, foi preso na sexta-feira (12) Andrie Maicon Ferreira da Silva, de 20 anos, que confessou a autoria do assassinato de João Donati. Ele vai responder ao processo na prisão. Silva relatou que manteve relações sexuais com a vítima e, durante a relação, os dois se desentenderam e começaram a trocar agressões. Andrie, então, enforcou Donati, matando-o. Em seguida, colocou pedaços de plástico na boca da vítima. Em seu relato, ele explicou que o motivo do desentendimento começou quando a vítima sugeriu inverter as posições no ato sexual.