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Moradores atingidos por jato de Eduardo Campos reclamam de abandono

Um mês depois da tragédia que vitimou o então candidato à Presidência e mais seis pessoas, moradores esperam indenização




São Paulo
; Proprietários dos imóveis atingidos pela queda do jato do então candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) no bairro Boqueirão, em Santos, há exatamente um mês, até hoje não receberam nenhuma indenização pelos prejuízos. ;Estamos totalmente abandonados. Ninguém assumiu a responsabilidade pelo acidente. Estamos há um mês com a bucha na nossa mão;, protesta Benedito Câmara, dono da academia que foi totalmente destruída. Segundo ele, os danos ultrapassam R$ 1,5 milhão. Polícia Federal, Polícia Civil e Aeronáutica ainda não identificaram as causas e os culpados pela tragédia.

A queda do jato Cessna PR-AFA em 13 de agosto causou a interdição temporária de 15 edificações. A Defesa Civil de Santos realizou reparos emergenciais com lonas e tapumes nos imóveis, mas a prometida indenização não chegou. O advogado Antônio Campos, irmão de Eduardo, visitou as famílias e sinalizou um auxílio financeiro que ainda não veio. No entendimento de Antônio Campos, fabricante e seguradora da aeronave devem se responsabilizar. Já o advogado dos donos da aeronave promete entrar em acordo para que as famílias sejam ressarcidas.

A academia Mahatma foi um dos imóveis mais avariados. Há um mês, o estabelecimento que funcionava há 39 anos, foi interditado. Apenas dois dos 16 funcionários foram mantidos e 800 alunos foram dispensados. ;Ninguém nos deu satisfação. Estamos ao léu. O pessoal do PSB deixou a gente na pior;, revolta-se Benedito Câmara. Com 69 anos, o empresário não sabe por onde começar a reconstrução. ;Perdi todos os equipamentos, esteiras, bicicletas. As duas piscinas foram avariadas. Como vou comprar 300 mil litros de água? Como vou recuperar a academia sem dinheiro?;

[SAIBAMAIS]

Após prestar solidariedade aos moradores em agosto, Antônio Campos entrou nesta semana com uma representação no Ministério Público Federal em Santos pedindo a antecipação das indenizações às famílias. ;Antes mesmo de uma conclusão definitiva da causa do acidente, não se deve esperar para indenizar os danos mais visíveis, mais urgentes;, afirmou. Campos defende que a Cessna e sua seguradora indenizem imediatamente os moradores, com a possibilidade de as empresas serem ressarcidas caso as investigações apontem outros culpados pelo acidente.

Perda total

Os quatro apartamentos do bloco B da Rua Vahia de Abreu, 52, ainda estão interditados e só serão liberados após reforma completa, com prazo de cinco meses. O orçamento para reconstrução externa do prédio custa R$ 800 mil. ;Entramos com uma ação contra os donos do avião. Perdemos geladeira, televisão. Todos os aparelhos eletrônicos e móveis foram destruídos. Já se passou um mês e nada de começar a reforma;, conta o comerciante Fabrício Rodrigues, 39 anos. Os empresários pernambucanos João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, supostos donos do jato, prometeram acordos extrajudiciais para indenização aos moradores.

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Drone

A Polícia Civil concluiu que o jatinho de Eduardo Campos não atingiu nenhum drone, como cogitado inicialmente. As rodas encontradas na área do acidente pertenciam a um carrinho de bebê que estava dentro do avião, reservado ao filho do ex-governador. O trabalho realizado pelo 7; DP de Santos foi encaminhado para o Fórum de Santos. Já a Polícia Federal solicitou ao Ministério Público mais um mês para concluir inquérito. Paralelamente, a Aeronáutica continua com o trabalho de perícia para identificar as causas do acidente que vitimou Campos e mais seis pessoas.