Vírus respiratórios comuns em grandes centros urbanos, como o rinovírus, podem ser a causa da morte de três crianças de uma aldeia indígena assurini em Tucuruí, no sudeste do Pará. Segundo o Instituto Evandro Chagas, das 20 crianças submetidas a exames na semana passada, dez apresentaram ao menos um de três vírus causadores de doenças respiratórias comuns, como resfriado, coriza e conjuntivite.
Para os pesquisadores, mesmo a parte do grupo que deu resultado negativo pode ter sido contaminado pelos mesmos agentes patogênicos, embora já não apresentasse carga viral, porque todas as crianças estavam com os mesmos sintomas. As três crianças indígenas que morreram estavam entre as que tiveram material biológico colhido para o exame, mas a Agência Brasil ainda não conseguiu confirmar se elas fazem parte do grupo em que já foi possível identificar a contaminação por vírus.
[SAIBAMAIS]
Vinculado ao Ministério da Saúde, o instituto explicou que, em pessoas já expostas aos vírus e cujo sistema imunológico tenha desenvolvido resistência, o rinovírus, se devidamente tratado, não provoca nada além de um resfriado comum. Já os outros dois vírus identificados nas amostras de material biológico colhidas dos índios, o adenovírus e o coronavírus, poderiam causar doenças respiratórias agudas, mas também sem maior gravidade.
A hipótese mais provável é que, embora tenham contato com não índios, os assurinis da Aldeia Trocará ainda não adquiriram resistência aos três vírus. Os primeiros exames realizados já haviam descartadas a possibilidade de se tratar de doenças como gripe A (H1N1) ou coqueluche.
Além das 20 crianças assurinis submetidas a exames na semana passada, há relatos de que outros índios já haviam apresentado os mesmos sintomas, com tosse, dificuldade para respirar e febre. O Ministério da Saúde continua apurando o possível número de infectados, mas, em nota, a Secretaria de Saúde Pública do Pará indica que até 90 índios apresentaram os mesmos sintomas.
Além das três crianças da aldeia mortas na semana passada, mais cinco tiveram que ser internadas no sábado (23) no Hospital Universitário Barros Barreto. Duas foram liberadas para voltar à Aldeia Trocará logo após melhorarem um pouco, mas antes que o resultado dos exames fosse conhecido. Segundo a assessoria do hospital, que fica em Belém e é vinculado à Universidade Federal do Pará, elas não puderam permanecer internadas por falta de leitos. As outras três continuam sob cuidados médicos, mas o quadro clínico delas é estável e devem receber alta em breve.