[SAIBAMAIS]O dramaturgo, o poeta, o professor, o teórico, o mestre e o líder cultural encarnaram em um só homem nordestino. No fim da tarde de ontem, debilitado por um devastador AVC hemorrágico, Ariano não resistiu.
Desde os tempos de criança, quando acompanhava os circos mambembes no sertão paraibano, ele queria ser palhaço. Não subiu ao picadeiro, mas transformou os auditórios de palestras em palcos iluminados por sua verve. Ariano não era apenas um ator; era um teatro completo, um espetáculo de erudição, inteligência, cintilações, improviso e senso de humor. Autor do épico Romance d;A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, um marco da literatura nacional, ele mostrou que o popular era sofisticado, e o erudito podia ser leve.
Era um luxo ser contemporâneo de um brasileiro tão genial. O Brasil ficou menor sem ele. Ariano era um Dom Quixote, um herói moral, que nos elevava, mesmo quando perdia as batalhas. Aos 87 anos, encerra-se a peleja do escritor com Caetana, como se referia à morte, quase sempre representada pela figura de uma onça ou uma bela mulher. Ariano se vai, mas deixa um legado de preciosidades: o amor à cultura e a brasilidade.