Jornal Correio Braziliense

Brasil

Fifa: Ausência de negros em cargos administrativos é reflexo da realidade

Na avaliação do capitão do Brasil no pentacampeonato, a presença de apenas dois técnicos negros na primeira divisão do Campeonato Brasileiro é coincidência

O vice-presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jeffrey Webb, disse nesta quinta-feira (3/7) que há uma ausência de negros em cargos administrativos no futebol em várias partes do mundo. ;Essa é a percepção sobre uma realidade infeliz;, disse, ao avaliar que os negros também estão subrepresentados em outras áreas. Segundo Webb, que também é diretor da Força-Tarefa Antirracismo da Fifa, o futebol não abraçou a diversidade e a integração em cargos de mais prestígio, como o de treinador.

;Há um reflexo em campo dessa falta de diversidade. A mesma coisa acontece nas empresas, nos clubes e nas associações;, avaliou Webb, em entrevista sobre racismo no futebol. Ao assumir o cargo na Força-Tarefa, em 2013, o vice-presidente da Fifa se propôs a compreender as oportunidades para as pessoas pretas e pardas no futebol, uma vez que é grande o número de jogadores negros. ;O Cafu [ex-jogador brasileiro] disse que isso não existe no Brasil. Em alguns lugares do mundo estamos avançando, em outros, não;, disse.

Na avaliação do capitão do Brasil no pentacampeonato, a presença de apenas dois técnicos negros na primeira divisão do Campeonato Brasileiro é ;coincidência;. Ele acredita que, no país do futebol, são muitos os negros no alto escalão. ;Isso depende muito da capacidade intelectual da pessoa e não da cor;, declarou. ;Mas é óbvio que se forem dadas mais oportunidades para uma pessoa que não tem tantas condições, tanto direito à igualdade, ela vai se destacar;, completou.


Levantamento da Rádio Nacional aponta que dos 20 times que participam, este ano, da maior competição do futebol nacional, apenas dois têm treinadores negros: o Fluminense, do Rio de Janeiro, comandado por Cristóvão Borges, e o Chapecoense, de Santa Catarina, por Celso Rodrigues.

Auxiliar-técnico da seleção de Trindad e Tobago, o ex-jogador Dwight Yorke, que brilhou no Manchester United, também acredita que as oportunidades aparecem com a qualificação, mas vê um problema: ;O fato é que há muito jogadores que gostariam de ser técnicos, mas sentem que não terão oportunidade para tal;, declarou, ao participar da entrevista. Na avaliação dele, com ações de combate ao racismo, a Fifa também deve atacar o problema. ;Esperamos que com novos regulamentos haja igualdade de oportunidades. Isso [a ausência de negros entre os treinadores] é algo que devemos corrigir;, completou.