Ato na prefeitura do Rio denuncia abandono de ex-ocupantes da Telerj
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Ato na prefeitura do Rio denuncia abandono de ex-ocupantes da Telerj

Os manifestantes cobraram atos concretos do poder público para resolver o problema de moradia do grupo, que atualmente está acampado em uma igreja

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Um ato em frente à prefeitura do Rio, no mesmo horário do jogo entre Argentina e Bósnia no Estádio do Maracanã, reuniu hoje (15/6) ativistas de movimentos sociais e ex-ocupantes do prédio da Oi. O local, que ficou conhecido como Favela da Telerj e chegou a reunir 5 mil pessoas no Engenho Novo, foi desocupado em uma reintegração de posse violenta no dia 11 de abril.

Os manifestantes cobraram atos concretos do poder público para resolver o problema de moradia do grupo, que atualmente está acampado em uma igreja. Também denunciaram a política de remoções forçadas feitas pela prefeitura por causa dos grandes eventos.

O ato Fuera Paes teve como mote a fala do prefeito Eduardo Paes, que disse que se a Argentina ganhasse a copa, se mataria. O grupo fez um debate sobre a política de remoções e exibiu um vídeo sobre a ocupação da Telerj. Nas faixas, frases como "Copa sem povo, tô na rua de novo", "Telerj: estamos há 74 dias sem moradia. Até quando governantes?", "Telerj resiste" e "Vila Autódromo resiste", em referência a outra comunidade ameaçada de remoção.

Integrante do grupo do prédio da Oi, Jociara Chaves Ribeiro conta que trabalha como babá, mas desde a desocupação está desempregada. De acordo com ela, 209 famílias estão acampadas na Igreja Nossa Senhora do Loreto, na Ilha do Governador, em condições precárias, desde o dia 3 de maio, quando o grupo aceitou sair da Catedral, no centro do Rio.

"Já foram assistente social e advogado lá, mas eles só falam e não fazem nada, a gente já fez sete cadastros e até agora nada foi feito, a igreja ajuda, mas estamos lá entregues às baratas, aos ratos e aos macacos, com pessoas ficando doentes;, relatou.

Integrante do movimento Rua Juventude Anticapitalista, Tadeu Lima explicou que, a partir de agora, as manifestações que questionam os gastos com a Copa do Mundo serão menores, mas as denúncias continuarão sendo feitas.

"Nós continuamos questionando a prioridade que foi dada à Copa, queremos mais investimentos em saúde e educação. O governo apresenta contas erradas, comparando todos os gastos feitos com educação desde 2007 com o dinheiro gasto para a Copa, que dura 30 dias e abrange no máximo 1 milhão de pessoas, enquanto a educação é universal, para 200 milhões de pessoas".

O ato atraiu os olhares de estrangeiros. O francês Solen Ferrandon, integrante do Nouveau Parti Anticapitaliste, disse que soube da manifestação pelas redes sociais. Ele está no Brasil desde a semana passada colhendo material sobre as manifestações e já esteve em contato com os movimentos sociais e sindicais de São Paulo.

"Eu participo de um movimento contrário à Copa na França, hoje em dia há várias associações e partidos contra os grandes eventos capitalistas. Eu estive com os metroviários de São Paulo, com o MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terra] e com a Copa do Povo. As pessoas estão divididas por causa da violência da polícia. Muitas pessoas na França são fãs de futebol e muitas não são conscientes sobre os problemas sociais que envolvem a Copa no Brasil. Em sei porque pesquisei antes de vir. Em cada grande evento no mundo, no Brasil, na China, no Catar, os problemas não são os mesmos, mas se repetem;, avaliou.

O fotógrafo mexicano Kano Trebino veio registrar o cotidiano do Brasil e soube da manifestação. "Me chamaram a atenção os protestos. Desde que cheguei ao Brasil, há duas semanas, estou registrando o dia a dia nas ruas e resolvi registrar isso também, além da festa dos turistas que vieram para a Copa. Antes de chegar eu não sabia das manifestações".