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Greves e paralisações de rodoviários continuam em várias cidades do país

Em Criciúma, região sul de Santa Catarina, rodoviários impediram que os ônibus deixassem as garagens nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (3/6), segundo dia de paralisação

Moradores de várias cidades do país enfrentam mais um dia de transtornos devido às greves ou paralisações de motoristas e cobradores de ônibus. Além de São Luís, onde a greve de rodoviários está prestes a completar duas semanas, e Fortaleza, onde a categoria vem protestando desde a semana passada contra assaltos a coletivos, também está ocorrendo movimentos parciais em Criciúma e na região metropolitana de Belo Horizonte.

Em Criciúma, região sul de Santa Catarina, rodoviários impediram que os ônibus deixassem as garagens nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (3/6), segundo dia de paralisação. A exemplo do que ocorreu recentemente em Goiânia e São Paulo, a paralisação foi deflagrada por um grupo de trabalhadores insatisfeitos com a condução da negociação salarial que vinha sendo conduzida pelo sindicato que representa a categoria. Em maio, também houve movimentos paredistas em Salvador e no Rio de Janeiro.

De acordo com o assessor jurídico do Sindicato dos Condutores de Veículos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, de Cargas e Passageiros, Edulberto Bergmann, "um pequeno grupo" de empregados de três empresas do grupo Forquilhinha (Forquilhinha, Rio Maina e São Marcos) decidiu interromper os serviços ontem à tarde. Hoje, o movimento se espalhou e ônibus de outras empresas deixaram de rodar. A reportagem não conseguiu contato com representantes dos rodoviários insatisfeitos. Procurado, o grupo Forquilhinha declarou que vai descontar os dias parados de quem faltar ao trabalho e tomar outras medidas cabíveis para garantir a normalidade das operações.

;Um grupo dissidente, que se opõe à atual diretoria do sindicato, está à frente dessa paralisação. Mas essa é uma questão complicada. O que está em discussão é a legitimidade do sindicato, que existe desde 1973 e representa entre 2,5 mil e 3 mil rodoviários;, disse Bergmann à Agência Brasil. Os dissidentes conseguiram decisão judicial para suspender a assembleia do sindicato com os funcionários do grupo Forquilhinha, para que ocorra com os empregados de todas as empresas que operam na cidade. "Vamos respeitar a decisão da Justiça e convocar uma nova assembleia para a semana que vem, com todos os rodoviários", disse o sindicalista.

Em São Luís, a greve dos rodoviários prossegue - entrando hoje em seu 13; dia ; mesmo com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Maranhão tendo decretado, no último domingo (1;/6), a ilegalidade da paralisação e determinado que ao menos 70% da frota voltasse a circular normalmente. Em sua decisão, a desembargadora Solange Cristina Passos Cordeiro autorizou as empresas de transporte público ou a prefeitura da capital maranhense a contratar funcionários temporários para substituir motoristas, cobradores e fiscais e garantir que a frota mínima circule. Trabalhadores e empresários não chegam a um acordo sobre o percentual de aumento salarial.

Em Fortaleza, os empregados das empresas municipais Vega e Fretcar e das intermunicipais Princezinha, Guanabara e FretCar Intermunicipal cruzaram os braços. Os rodoviários da Vega estão parados desde ontem (2/6), quando o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro), Domingo Gomes Neto, garantiu à Agência Brasil que a paralisação está relacionada à falta de segurança para o trabalho, apesar de a categoria estar em negociação da convenção coletiva de trabalho.

Na semana passada, três trabalhadores foram vítimas da violência em menos de 24 horas, o que motivou a paralisação de um dia do sistema de ônibus local, na última quinta-feira (29/5). Hoje, contudo, a paralisação teve outro motivo, segundo confirmou o vice-presidente do Sintro, Francisco Sérgio Barbosa Medeiros.

"Já havíamos convocado uma assembleia para as 4h de hoje, horário que há a troca de turno. Quando a assembleia acabou, por volta das 6h, e os trabalhadores foram iniciar o expediente, foram avisados de que as empresas descontariam o dia. Diante disso, decidimos paralisar as atividades. Agora, vamos esperar o turno da tarde, as 13 horas, para definir o que fazer", disse Medeiros. Após negociações, os funcionários da Guanabara voltaram ao trabalho. Os demais, continuam de braços cruzados. Uma nova assembleia está marcada para as 14 horas, quando serão definidos os próximos passos do movimento.
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Em Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, o protesto dos empregados da empresa Santa Marta, pertencente ao grupo Transmoreira, durou cerca de oito horas, afetando as linhas que atendem a alguns bairros de Contagem, Betim e Belo Horizonte. Segundo Antônio Ferreira da Silva, presidente Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Contagem e Esmeraldas (Sittracon), a paralisação foi motivada pelo descumprimento de cláusulas da convenção de trabalho, assinada em fevereiro deste ano.

De acordo com o sindicalista, a empresa não vinha permitindo que motoristas e cobradores fizessem a pausa de uma hora de almoço prevista na convenção, nem pagando hora extra por esse período trabalhado. Além disso, ao contrário do que a Justiça trabalhista determinou em fevereiro, a empresa ameaçava cobrar dos trabalhadores os dois dias parados durante a negociação da convenção. ;Conversarmos com os patrões, que se comprometeram a cumprir o que está na convenção. Sabemos que a paralisação prejudica a população, mas esta é a única forma que temos de garantir o cumprimento de nossas conquistas;, disse Silva à reportagem.