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Saúde pública do Rio antecipa campanha sobre malefícios do tabagismo

De acordo com a diretora-geral do PAM de Cavalcanti, Cintia Guerra Valente de Luna, o tabagismo é uma doença que deve ser tratada para evitar as doenças que aparecem em consequência do fumo

O Posto de Assistência Médica (PAM) do bairro de Cavalcanti, zona norte do Rio de Janeiro, promoveu nesta sexta-feira (30/5) uma ação de conscientização para alertar a sociedade sobre os malefícios do fumo, e antecipou o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado amanhã (31). Os pacientes fizeram o teste do monoxímetro, que avalia o prejuízo causado à respiração, e o teste de Fagerstrom, que avalia o grau de dependência química à nicotina. Também receberam orientações sobre o tratamento e as consequências provocadas pelo cigarro.

De acordo com a diretora-geral do PAM de Cavalcanti, Cintia Guerra Valente de Luna, o tabagismo é uma doença que deve ser tratada para evitar as doenças que aparecem em consequência do fumo. Razão pela qual a Secretaria de Estado de Saúde aconselha as pessoas com dependência química à nicotina a se inscreverem no Programa de Controle do Tabagismo, oferecido mensalmente naquela unidade para tratamento.

"A princípio, as pessoas têm uma visão equivocada, achando que é só um tipo de vício, mas na verdade é um problema de saúde grave. É importante as pessoas saberem que o tabagismo é uma doença sim. É uma doença e tem que ser tratada como tal. As pessoas precisam, sim, de ajuda para esse tratamento, que é difícil e geralmente está vinculado à dependência química da nicotina. O paciente precisa da ajuda de um profissional capacitado e de medicação. É necessário pedir ajuda, as unidades de saúde estão aí para isso mesmo, e nossas portas estão abertas", disse ela.

Cintia acrescentou que um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC) e infarto, é o tabagismo, que também provoca vários tipos de câncer. "Sem dúvida nenhuma, temos cada vez mais necessidade de divulgar o tratamento e conscientizar os fumantes sobre o mal que o tabagismo causa. Nossa intenção é trazer os dependentes químicos de nicotina para o tratamento e ajudá-los a vencer as dificuldades", explicou.

Além de prejudicar a saúde dos fumentes, os não-fumentes, ou fumantes passivos, correm o mesmo risco, porém em uma proporção menor. As leis vigentes no país atentam para o cuidado no ambiente livre, no sentido de proteger quem é submetido a riscos desnecessários; aqueles que respiram a fumaça do cigarro em ambiente público. Segundo Cintia, o fumante passivo tem um risco aumentado em relação àquele que não convive com fumante nenhum, pois ele inala a fumaça da queima do cigarro em uma quantidade e intensidade maior. A fumaça que é retida no ambiente tem a mesma característica tóxica, só que o fumante passivo inala em uma quantidade menor, mas se é contínua e frequente causa o mesmo mal que provoca no fumante.

O tratamento obrigatório para completar o programa dura três meses, nos mesmos dias e horários, mas o posto disponibiliza até um ano, caso o paciente ache necessário. No início do tratamento, o paciente faz os testes de Fagerstrom e do Monoxímetro para, a partir dessas medições, acompanhar e avaliar as taxas de desentoxicação do gás, além de recursos para ajudar a minimizar a síndrome de abstinência.



A dona de casa, Deise Maria Silva, de 54 anos, procurou o posto para tratamento e fez um teste para medir a quantidade de monóxido de carbono no pulmão. Segundo ela, o grau de tabagismo foi de 2.08, o que significa que ela está na terceira das quatro fases de classificação. Ela disse que conhece algumas pessoas que pararam de fumar com o tratamento oferecido pelo PAM de Cavalcanti. Ela mesma já havia iniciado o programa, mas parou antes da hora. Mesmo assim, conseguiu ficar nove meses longe do cigarro. Mas teve recaída, está se sentindo cansada e com tosses, e agora quer se submeter ao tratamento integral para parar de vez.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O órgão estima que um terço da população mundial adulta - em torno de 1,2 bilhão de pessoas são fumantes - e delas, 200 milhões são mulheres. Estima-se que o tabagismo passivo seja a terceira maior causa de morte evitável no mundo, atrás apenas ao tabagismo ativo e do consumo excessivo de álcool. O Programa de Controle do Tabagismo no PAM de Cavalcanti tem vagas abertas, e o atendimento é de segunda a sexta-feira, de 7h às 18h.