Jornal Correio Braziliense

Brasil

Estudantes têm investido no ensino a distância para conseguir o diploma

Especialistas ressaltam, no entanto, que o contato pessoal é muito importante na formação

Com mais de 30 anos, duas filhas a tiracolo e o emprego de doméstica para sustentar a família, Rosângela Gomes Jacinto tentou, por três vezes, retomar os estudos. Mal chegava à metade do ano, a paraibana de Monteiro desistia da empreitada. A mais recente investida para terminar o ensino médio começou há um ano e meio, com a possibilidade de o curso ser feito a distância. ;Eu já tinha computador e internet em casa. Minhas irmãs falaram: ;agora é com você;. E eu encarei o desafio;, conta Rosângela, hoje com 41 anos.



Jovens e adultos que optaram em retomar a educação básica pelo ensino a distância representam 12% do total de 3,7 milhões matriculados na EJA no Brasil em 2013, tanto na rede pública quanto no sistema privado. As facilidades trazidas pela modalidade ; como fazer o próprio horário de estudo e não ter de se deslocar para uma sala de aula nem sempre perto de casa ou do trabalho ; são pontos comemorados por especialistas. Eles ressaltam, entretanto, que a falta do contato pessoal proporcionado na escola diminui o alcance do ensino idealizado numa perspectiva de emancipação.

;Para aqueles que professam a concepção de uma educação de jovens e adultos crítica, que visa à mudança e à conscientização, o ensino pela internet se apresenta como uma iniciativa complicada;, afirma Debora Cristina Jeffrey, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em EJA da Unicamp. Ela explica que a dificuldade não vem pela falta de acesso à tecnologia. ;Muitos alunos de locais desenvolvidos têm smartphone, hoje em dia. A questão é se queremos uma formação instrumental, que aufere competências e habilidades, ou queremos formar integralmente;, analisa a especialista.

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