Apesar de ser tratada em salas de aulas, em campanhas educativas e em diversos sites especializados, a saúde reprodutiva ainda é um mistério para uma parcela da população. Especialistas ouvidos pelo Correio avaliam que a desinformação sobre métodos contraceptivos ajudam a explicar as estatísticas de 728 mil a 1 milhão de interrupções de gestações no país, de acordo com o Ministério da Saúde. Cerca de 60% das mulheres que já abortaram o fizeram entre 18 e 29 anos, segundo Pesquisa Nacional de Abortamento, de 2010. Além das interrupções, 400 mil meninas, entre 10 e 19 anos, deram à luz em 2009.
Um estudo divulgado ontem, intitulado Juventude, comportamento e DST/Aids e Atitude e tolerância: o que os jovens pensam sobre sexualidade, mostra que 30% das pessoas, entre 18 e 29 anos, acreditam que o coito interrompido é um método eficaz para evitar a gravidez. O levantamento mostra também que 70% não sabem qual é a época de maior fertilidade da mulher. A pesquisa, feita pela John Snow Consultoria e o Instituto Caixa Seguros, revela ainda que apenas 42% dos jovens não sabem que a camisinha é o único método que previne a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis simultaneamente e 40% não usaram nenhum método contraceptivo na última relação sexual.
Para o coordenador, Miguel Fontes, a pesquisa revela pouco conhecimento em relação à saúde reprodutiva, o que tem impactos na saúde pública. ;De cada quatro homens, três não conseguiram identificar qual é o período mais fértil da mulher. Esse dado aliado à falta de conhecimento sobre contracepções acaba tendo uma implicação significativa no número alto de abortos que temos no país. Como o aborto é ilegal, o Brasil tem a taxa de mortalidade materna elevada;, avalia. Fontes também considera significativo o dado de 30% dos entrevistados acreditarem que o coito interrompido é eficiente para evitar a gravidez e 16% não saberem.
Confiança
O levantamento mostra que 70% dos jovens se sentem confiantes em relação a métodos para prevenir o contágio de doenças sexualmente transmissíveis, no entanto, somente 10% sentem o mesmo em relação a uma gestação. ;Se foca muito nas doenças, mas não se trabalha da mesma forma em relação a gravidez. Isso tem de mudar;, avalia o coordenador da pesquisa.
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