;Vai ser um por semana;, avisou Guilherme Boulos, um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organizou nesta quinta-feira (15/5) seis protestos com bloqueio de importantes avenidas da capital paulista. ;Os governos têm 28 dias para resolver os problemas das nossas ocupações. O povo quer moradia;, disse em referência ao período que resta para o início da Copa do Mundo. Uma das vias bloqueadas foi a Radial Leste, onde fica o estádio do Corinthians, que vai sediar a abertura dos jogos. A manifestação pacífica reuniu cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM). O movimento contabilizou 4 mil participantes.
[SAIBAMAIS]O protesto na zona leste da cidade teve participação dos ocupantes de um terreno a 4 quilômetros do estádio, que foi tomado no dia 3 de maio pelos sem-teto. ;Moradia e reforma urbana são reivindicações que já temos feito há muito tempo. Ao mesmo tempo, queremos denunciar as contradições da Copa do Mundo, cujo legado para o povo mais pobre foi a exclusão;, defendou Boulos. Ele cita o aumento da especulação imobiliária, dos processos de despejo e do valor do aluguel como consequências da Copa na região de Itaquera.
As outras cinco avenidas interditadas foram: Marginal Pinheiros, na altura da ponte João Dias; Giovanni Gronchi; Ponte do Socorro; e Marginal Tietê. Todas já foram liberadas. O protesto em São Paulo faz parte de um ato nacional unificado dos Comitês Populares da Copa. Outro ato está marcado para hoje a partir das 17h, com concentração na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
Além do fim dos despejos e remoções forçadas, os movimentos sociais que encabeçam esses atos reivindicam o arquivamento dos projetos de lei que tipificam como crime de terrorismo ou ampliam penas para danos causados durante as manifestações. Eles cobram também a desmilitarização das polícias, pensão vitalícia para as famílias dos nove operários mortos enquanto trabalhavam na construção de estádios da Copa, bem como a responsabilização das construtoras.
Na semana passada, movimento sociais, que formam o coletivo Resistência Urbana, iniciaram uma série de manifestações que devem ocorrer até a Copa do Mundo. A concentração dos protestos ocorreram simultaneamente em três pontos da capital paulista. O alvo foram grandes construtoras que receberam recursos para construção e reforma dos estádios. O movimento foi recebido pela presidenta Dilma Roussef, que fazia uma visita ao Itaquerão naquele dia. Ela prometeu estudar a possibilidade de construir moradias no terreno da ocupação na zona leste.