Jornal Correio Braziliense

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Mães do samba são homenageadas por eternizar tradição no Rio de Janeiro

As homenagens começam às 18h, na tradicional Roda de Samba do Centro Cultural Cartola, na Mangueira, zona norte do Rio

O Dia das Mães do Samba vai ser comemorado hoje (12) com uma premiação a mulheres que têm presença forte no samba carioca. As homenagens começam às 18h, na tradicional Roda de Samba do Centro Cultural Cartola, na Mangueira, zona norte do Rio.

As premiadas serão a pastora da Velha Guarda da Portela, Tia Surica; Tia Nilda, presidente da Ala das Baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel; a porta-bandeira da Beija Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso, que desde 2008 trabalha com as crianças do projeto Sonho do Beija-Flor, criado para formar talentos para o carnaval; Vilma Nascimento, que se destacou como porta-bandeira da Portela e é conhecida como Cisne da Passarela, e Nilce Fran, passista que também coordena um projeto para crianças e adolescentes.

Selminha Sorriso sente muito orgulho em acompanhar meninas que participaram do projeto e hoje seguem os passos dela se apresentando como porta-bandeiras. ;Cada vez mais eu vejo meninas que querem ser como a Tia Selminha. A minha primeira aluna já é a terceira porta-bandeira da escola [Beija-Flor de Nilópolis] e outras já estão desfilando em escolas do grupo de acesso, em blocos. É o samba se perpetuando e se criando dentro da sua própria casa, no nosso quintal;, destacou em entrevista à Agência Brasil.

Selminha disse que este ano a bateria da escola conseguiu nota máxima dos jurados e contou com alguns componentes que saíram do projeto. ;[Foram] jovens de 14 e 16 anos que desfilaram pela primeira vez, e a bateria conseguiu 40 pontos porque é um trabalho contínuo. Eles foram realmente preparados o ano inteiro.;

Embora trabalhe com mulheres com idades mais avançadas que as crianças do projeto Sonho do Beija-Flor, Tia Nilda, que há 37 anos preside a ala de baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel, considera todas filhas. ;Elas contam a vida particular, falam de um problema. Eu tenho que ser baiana, presidente, psicóloga e mãe. Elas me chamam de mãezona. Hoje mesmo uma me disse isso. Eu respondi que pensava que era ;mãedrasta;, porque tem hora que sou um pouco durona. Ela disse: ;não a senhora é amiga;.;

Tia Nilda reconheceu que é exigente com as baianas, mas destacou que tem um bom motivo: a evidência da ala nas escolas de samba. ;O quesito é forte. Como exijo delas eu também sou exigida. Se der tudo certo está tudo bom, mas se der errado quem vai ser chamada atenção sou eu;, analisou. Na quinta-feira (15), está marcada uma comemoração das baianas na quadra da escola em Padre Miguel, na zona oeste do Rio. ;Já pedi para cada uma trazer um prato de salgado. Eu vou levar uma torta para fazer uma homenagem do Dia das Mães. É na quinta-feira, mas ainda está na semana das mães.;



Nilcemar Nogueira tem o DNA do samba nas veias. Neta do compositor Cartola e de Dona Zica da Mangueira, ela é quem tem a responsabilidade de entregar os prêmios. A sambista contou que a homenagem representa o reconhecimento de pessoas importantíssimas para o samba ; mulheres que trabalham, muitas vezes, com pouca visibilidade.

;Para mim é também uma forma de agradecer por poder ser descendente de uma delas que foi a Zica. Reverenciar essas damas, essas mães do samba é também lembrar e reverenciar a minha avó por tudo o que ela representou na minha vida e na vida dos sambistas;, disse. Nilcemar espera que o prêmio possa inspirar outras mulheres do samba a seguir o mesmo caminho das homenageadas. "É uma forma de manter viva a tradição", completou.