Jornal Correio Braziliense

Brasil

'Volta pra casa', diz mãe no enterro de torcedor atingido por sanitário

Gritos de guerra do Sport e da organizada foram entoados na cerimônia

"Não deixa ele ir embora. Fica Paulinho. Fica. Volta pra casa." A dor de Joelma Valdevino, mãe do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, assassinado na última sexta-feira ao ser atingido por um vaso sanitário jogado de dentro do Arruda não se mede. Às 14h40, quando o caixão foi colocado em uma das sepulturas do Cemitério de Santo Amaro, ela, que chegou a desmaiar durante o velório, continuava a pedir o impossível. "Volta Paulinho. Volta". Ele não vai voltar. Foi tirado da sua mãe de forma estúpida. Tendo o futebol como pano de fundo.

[SAIBAMAIS]Na última despedida, o choro de dona Joelma foi dividido com o de muitos familiares e amigos. Torcedores também estiveram presentes. Muitos da uniformizada do Sport a que Paulo fazia parte. No momento em que o caixão foi colocado na sepultura, gritos de guerra do Sport e da organizada foram entoados. Mas a dor de dona Joelma não é a de quem perde um jogo, um título, um torcedor. Era a dor de quem perdia um filho. Gritos de "justiça" também foram entoados.

Pouco antes, Jonatas Batista, tio de Paulo, pedia paz para os integrantes da Uniformizada do Sport presentes ao enterro. "Vocês, por favor, não espalhem mais violência. Não façam famílias chorarem. Hoje, é uma família que chora, mas com o aumento da violência, outras vão chorar também. Isso só espalha mais dor. Não cobrem por favor. Não aumente o choro de uma duas ou mais familias. A violência só gera três coisas: dor, choro e mais violência", pedia.

Amparada pelos familiares, Dona Joelma deixou o cemitério. A contragosto. Não queria se separar do filho. "Me deixem aqui. Quero ficar aqui". Quando chegar em casa, Paulinho não estará mais a sua espera.