Rio de Janeiro - O projeto socioambiental ReciclAção completou um ano e para Cris dos Prazeres, fundadora do Grupo Proa (Prevenção Realizada com Organização e Amor), mudou a conscientização dos moradores do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, na zona sul do Rio de Janeiro, em relação à questão ambiental e, em especial, à coleta seletiva com reciclagem do lixo. Segundo ela, a vontade dos moradores agora é ter uma comunidade mais limpa.
[SAIBAMAIS];Nós trabalhamos muito no conceito de valorização do território em que a gente mora e que cabe a todos nós - e não só a Comlurb [Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro]. É o direito de conservar e manter limpo. Temos sempre uma fala de amor e de nova perspectiva. Nada no sentido de que o cara não faz porque não quer, o cara não faz porque é porco, porque não tem educação. O cara não faz, porque talvez não tenha despertado para o desejo de fazer. Quando desperta o desejo, ele faz, porque ele mora aqui;, contou Cris à Agência Brasil.
Para ela, que é uma das principais articuladoras do ReciclAção, é fundamental criar uma rede de parcerias e ter o envolvimento do morador ;Se não se envolve o morador, se não se dá importância ao envolvimento dele, não há sucesso no que se faz, é sempre muito pontual. Mesmo que o ReciclAção, daqui a cinco anos, não esteja mais nos Prazeres, eu acredito que a gente plantou algo na consciência dessas pessoas que vão levar como legado para a vida toda;, avaliou.
O projeto faz o reaproveitamento de resíduos recicláveis, como embalagens longa vida, garrafas PET, latas de alumínio e plástico duro usados, por exemplo, em embalagens de produtos de limpeza e de higiene pessoal. O material recolhido é vendido a empresas recicladoras que são parceiras no trabalho. A renda é usada integralmente para a operação e manutenção das atividades. Para incentivar ainda mais a coleta, o projeto faz também ações em que os moradores podem usar os tíquetes que recebem quando entregam o lixo para a reciclagem. ;Fizemos uma festa junina e eles puderam usar os tíquetes nas barraquinhas e nas brincadeiras. Na verdade é uma ideia de envolver a comunidade para que ela possa doar o lixo que produz;, contou à Agência Brasil, a diretora-executiva do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), Kátia Edmundo.
A diretora contou que o desenvolvimento do projeto levou também para a comunidade mais qualidade de saúde. Ela explicou que a localidade sofria muito com a dengue e a situação melhorou porque, além da educação ambiental, os moradores aprenderam a não manter objetos que favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da doença.
Kátia lembrou que em uma chuva forte de 2010, a comunidade foi por deslizamentos e 34 pessoas morreram. Um mapeamento socioambiental feito no local mostrou que onde havia vários pontos de descarte inadequado e de lixo acumulado nas encostas, hoje se vê esses mesmos lugares mais limpos e transitáveis.
Leia mais notícias em Brasil
No primeiro mês depois da criação da Estação de Coleta na comunidade, foram recolhidos 120 quilos de materiais recicláveis. Em outubro de 2013 já havia alcançado 449,5 quilos. Hoje, o projeto conta com 50 pontos de coleta em diversos locais da comunidade e a expectativa é chegar ao fim do ano com a coleta de uma tonelada de materiais recicláveis.
O Grupo de Trabalho do ReciclAção é formado pelo Instituto BRF, BRF [empresa criada com a associação da Perdigão e Sadia ], Cedaps, Comlurb, Equilíbrio Sustentável, Galera.com, Grupo Proa, Recicoleta/Tetra Pak. O projeto conta ainda com a parceria do Instituto Pereira Passos/UPP Social e da Secretaria de Estado do Ambiente.
O projeto conta com moradores da comunidade que trabalham como agentes de reciclagem. Eles recolhem e cuidam do material recebido e para isso recebem uma bolsa auxílio no valor de R$ 800.