O superintendente regional do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, acompanhou no início da tarde desta terça-feira (1;/4) a vistoria nas arquibancadas provisórias norte e sul que estão sendo construídas na Arena Corinthians, o Itaquerão, na zona leste da capital. A obra nesses locais foram interditadas depois da morte do operário Fábio Hamilton da Cruz, de 23 anos, que caiu de uma altura de 8 metros.
Medeiros marcou para a tarde de hoje uma reunião com representantes da construtora Odebrecht e da WDS Construções, empresa contratada pela Fast Engenharia para executar parte dos serviços na arena, com o objetivo de falar sobre as adequações para aumentar a segurança dos funcionários no local. Em quatro meses, esse foi o segundo acidente nas obras do estádio que receberá o jogo de abertura da Copa do Mundo. No final de novembro, dois operários morreram após a queda de um guindaste.
[SAIBAMAIS]A interdição das arquibancadas, de acordo com o superintendente, ocorreu porque não estavam sendo cumpridas as normas de segurança para o trabalho em altura. "Para o Ministério de Trabalho, é muito grave a morte de um trabalhador e há risco de outros caírem", declarou. Em entrevista à Agência Brasil, Noé Dias Azevedo, auditor fiscal do trabalho responsável pela interdição ontem (31) disse que o trabalho nessas arquibancadas exigia uma proteção dupla, as chamadas "proteções coletivas", como uma rede de proteção, e "proteções individuais", como cabos e coletes de segurança.
"O trabalho de piso tem um complicador, pois você tem que se movimentar em uma área grande, e não em uma área restrita. Você tem que trabalhar em uma área muito mais ampla e tem que desengatar e engatar, o tempo todo, o cinto de segurança individual. Isso pode inviabilizar a própria atividade. É por isso que deveria ter, também, uma proteção coletiva", explicou.
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Durante a manhã de hoje, alguns operários montaram uma estrutura de segurança em volta de parte da arquibancada provisória sul, chamada de guarda-corpo. Antes da vistoria, Noé informou que, aparentemente, essa medida não é suficiente para garantir a segurança dos operários. Medeiros declarou que a construtora precisa corrigir adequadamente as falhas na segurança, mas não determinou um prazo para isso. "Tem que ser para ontem, porque o estádio tem prazo para ser entregue".
Medeiros informou que a liberação das obras vai depender da decisão dos auditores fiscais, mas que provavelmente isso não ocorrerá hoje (1). "Se os auditores aprovarem, a gente desinterdita. Mas hoje será difícil a obra ser liberada, pode voltar amanhã, se os técnicos liberarem", declarou.
Medeiros comentou sobre a alegação do advogado da empresa WDS Construções, de que a culpa do acidente teria sido o comportamento imprudente do funcionário que morreu. "O cara, além de perder a vida, agora é culpado? Isso não é o que o Ministério do Trabalho acha. Não tinha proteção coletiva, e isso é obrigatório", disse. "A obra é tocada a toque de caixa, mas isso não pode ser à custa da vida das pessoas", declarou ele.
Noé concorda com a opinião do superintendente. "Nós já analisamos diversos acidentes de trabalho e a saída mais simples é culpar o trabalhador. Se você estabelece a culpa do trabalhador, não trabalha com prevenção. Se em todo acidente você culpar o trabalhador, você nunca vai desenvolver proteções", disse.