Representantes de várias religiões estiveram presentes na manhã de hoje (29), na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, no centro do Rio, em um ato inter-religioso em comemoração ao sétimo aniversário de fundação da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, que também serviu para abrir as comemorações pelos 126 anos da decretação da Lei Áurea.
Na oportunidade também foi lembrado o centenário da morte de Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde (mais conhecido como Dragão do Mar) e aberta a exposição de fotografias Caminhando a Gente Se Entende ; preparativa para a 7; Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, marcada para o dia 21 de setembro na orla de Copacabana.
O ato inter-religioso foi realizado na Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, construída a partir de 1701 na chamada Rua da Vala, hoje Uruguaiana, que passou a receber os negros abrigados na Igreja dos Jesuítas pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, fundada em 1940.
As homenagens foram inspiradas na figura de Chico da Matilde, que morreu há cerca de 100 anos e teve papel importante na luta contra a escravidão no Brasil. Ele é um dos heróis da causa abolicionista no Brasil por ter fechado o Porto de Fortaleza aos navios negreiros.
[SAIBAMAIS]
"A irmandade tem uma história muito bonita na luta pela abolição. E Chico da Matilde foi a primeira pessoa a realizar um movimento concreto em favor da abolição da escravatura no país e que acabou levando o Ceará a abolir a escravidão quatro anos antes do resto do país. [Comemorar] o aniversário da comissão junto com a luta de Chico é importante para todos nós, que fazemos um trabalho em defesa da liberdade e do respeito entre as religiões. O nosso principal objetivo é unir todas as religiões em torno de uma convivência pacifica e harmônica;, disse à Agência Brasil o babalaô Ivanir dos Santos, conselheiro do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap).
Em 1879, o Dragão do Mar liderou um grupo de pescadores cearenses e se negou a continuar o transporte de escravos para o Sul do País. Cinco anos depois, o Ceará se tornou o primeiro estado a abolir a escravidão. ;Atitudes como a do Dragão do Mar ajudaram no combate à escravidão. Depois do Ceará, outros estados seguiram o exemplo. É nesse sentido que a comissão continua lutando pela implementação da Lei 10.639/03 [institui o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira nas escolas do Brasil), a fim de que se conheçam verdadeiros heróis de nossa história;, ressaltou.
O presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) também destacou a importância de Chico da Matilde para a história da abolição no país. ;Ao fechar em 1981 os portos do Ceará ao tráfico negreiro no país, Chico se transformou em um dos propulsores do movimento abolicionista no Brasil. Ele, sem dúvida, contribui para que o Ceará viesse a abolir a escravatura quatro anos antes do resto do país;, reforçou.
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No final do ato inter-religioso, foi inaugurada a exposição de fotografias, no Museu do Negro. O trabalho apresenta imagens de caminhadas em defesa da liberdade religiosa, realizadas desde 2008, na Praia de Copacabana. A mostra ficará aberta ao público no segundo andar da igreja, com entrada franca.