Em reunião hoje (27) com lideranças das 16 comunidades do Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, a Polícia Militar (PM) informou que as operações em algumas comunidades vão continuar, enquanto não for confirmada a entrada das Forças Armadas na localidade. O subcomandante administrativo do Comando de Operações Especiais (COE) da PM, Rodrigo Sanglard, adiantou que entre 500 e mil homens da corporação ocuparão a região durante aproximadamente dez dias, antes da entrega do território às tropas integrantes da Força Nacional.
;O processo já começou, não tem volta. Estamos aguardando um pronto (aviso de prontidão) das Forças Armadas, de que já dispõem da logística e do planejamento necessários para ir para a área, e aí podermos, realmente, entrar com uma força de intervenção maior dentro das comunidades, em um momento de estabilização, e aí, sim, passar o local para as forças federais;, disse ele. ;Teremos todo o Batalhão de Choque, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Ação com Cães e o Grupamento Aéreo;, acrescentou.
Em torno de 60 pessoas participaram do encontro, entre moradores, representantes de associações e organizações não governamentais que desenvolvem trabalhos sociais no complexo. Um integrante da Defensoria Pública do estado também esteve presente.
Alguns moradores chegaram a relatar abusos de policiais do Bope, como humilhações e arrombamento de casas. A PM informou que vai apurar as denúncias e a Defensoria Pública auxiliará os cidadãos que queiram processar o estado por possíveis violações.
A presidente da Associação dos Moradores da Favela Nova Holanda, Andrea Matos, disse que os moradores saíram insatisfeitos da reunião.
;Saímos com dúvidas. Não tem nada definido, não tem data, é uma ocupação da qual não sabemos o motivo de ser nas duas comunidades: Parque União e Nova Holanda;, comentou. ;Se não é pacificação, mas somente ocupação, devido à Copa e às Olimpíadas, depois como vai ficar? Essas operações estão afetando o comércio, que está fechando cedo. Está todo mundo em pânico;, contou.
Sanglard garantiu que logo após a intervenção das forças estaduais será feita nova reunião para saber a opinião das comunidades sobre a atuação da PM. Hoje, o Bope fez uma operação dentro do complexo, em busca de armas e drogas.
No dia 24 de março, o governador do Rio, Sérgio Cabral, pediu a intervenção das Forças Armadas no Complexo da Maré, depois de uma série de ataques a unidades de Polícia Pacificadora. O Complexo da Maré é um dos maiores do estado, e ainda não recebeu UPP.