O diretor de Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alexandre Comin, disse nesta quarta-feira (19/3) que o governo pensa em criar uma linha de crédito, parecida com o Fundo Clima, para financiar projetos que incentivem o uso racional da água pela indústria.
;Toda a crise traz um momento de reflexão. Talvez, esse seja o momento para a gente pensar em alguma coisa parecida com o Fundo Clima, com investimentos específicos em eficiência no reúso de água e até em captação de água;, disse Comin, ao participar do Fórum Água: Gestão Estratégica no Setor Empresarial.
O Fundo Clima é administrado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e atende a projetos do setor privado e de órgãos públicos sobre ações de adaptação às mudanças climáticas e redução da emissão de gases de efeito estufa.
A intenção do governo é diminuir a pegada hídrica da indústria - a quantidade de água que a indústria consome para produzir um determinado produto. Segundo o coordenador de Conservação de Água Doce da Organização Não Governamental (ONG) The Nature Conservancy (TNC), Albano Araujo, a pegada hídrica das indústrias em São Paulo pode ser apontada como uma das responsáveis pela situação crítica do Sistema Cantareira.
;Está faltando água no Sistema Cantareira. Não foi, em nenhum momento, uma questão da natureza. É um problema de gestão, porque a pegada hídrica de São Paulo é grande demais quando comparada à disponibilidade hídrica;, disse.
Hoje, o Sistema Cantareira está operando com 14,7 % do reservatório, a menor marca histórica. ;Essa questão passa muito mais pela redução de consumo e um incentivo do uso sustentável da bacia do que pelo aumento da disponibilidade;, disse Araujo.