Jornal Correio Braziliense

Brasil

Polícia Federal prende seis pessoas por fraudar fundos de pensão

Os presos são responsáveis por uma consultoria que procurava gestores de fundos de previdência municipal para que o dinheiro dos servidores públicos fosse aplicado em investimentos que eram considerados temerários

A Polícia Federal em São Paulo deflagrou nesta terça-feira (11/3) a Operação Fundo Falso, na qual foram presas seis pessoas e cumpridos 14 mandados de busca e apreensão na capital paulista. Os presos são responsáveis por uma consultoria com sede em São Paulo, mas que atuava em todo o país, procurando gestores de fundos de previdência municipal para que o dinheiro dos servidores públicos fosse aplicado em investimentos que eram considerados temerários - títulos de baixa rentabilidade ou credibilidade no mercado e que no futuro não teriam condições de pagar a aposentadoria dos trabalhadores.

De acordo com o chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, Rodrigo Sanfurgo, os gestores municipais tinham ciência de que os fundos de investimentos eram temerários, mas eram convencidos pelos consultores a investir em troca da devolução de parte do dinheiro para esses gestores.

;Estamos falando de 107 fundos de pensão em nove estados do país. A consultoria indicava o fundo de investimento com rentabilidade extremamente desastrosa e quem ganhava com isso eram os gestores municipais e os consultores da empresa que pegavam de volta esse dinheiro aplicado. Havia um conluio porque fundo de pensão algum investiria em aplicações que todo o mercado sabe que não tem rentabilidade;, explicou.



Os seis presos serão acusados de fraude de licitação, gestão fraudulenta, organização criminosa e lavagem de dinheiro. ;Essa consultoria não precisava de licitação para fazer o serviço de orientação dos investimentos, porque cobrava R$ 600 por mês e por ser um valor baixo os municípios dispensavam o processo licitatório;, explicou Sanfurgo.

A Polícia Federal não revelou o nome da empresa de consultoria e nomes dos seis presos, por questão de sigilo das investigações, que estão em andamento desde 2012. O material apreendido abrange computadores, documentos e discos com informações. A próxima etapa é investigar os gestores municipais, que na maioria são funcionários públicos.

;Agora vamos analisar a documentação para avaliar a participação dessas pessoas, e se de fato sabiam sobre os fundos. Ainda não identificamos todos os gestores e não sabemos exatamente qual o valor exato, mas acreditamos que os 107 fundos devem somar bilhões em dinheiro que seria da aposentadoria dos servidores públicos;, disse Sanfurgo.