Integrantes de movimentos por moradia fizeram, na manhã desta sexta-feira (7/3), passeata pelas ruas do centro da capital paulista para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, que será comemorado neste sábado (8/3).
Cerca de 400 pessoas, segundo estimativa da organização, saíram da Praça da Sé, por volta das 11h e estão percorrendo vários órgãos públicos nos quais entregam carta com reivindicações de políticas públicas com corte de gênero. Segundo a Polícia Militar, que calcula em 150 o número de participantes, a manifestação ocorre pacificamente.
;A mulher é que fica mais vulnerável pela ausência de políticas básicas. Uma das principais é moradia. Na maioria dos casos, elas são responsáveis pela família. Sem moradia, não tem cidadania;, disse Neuma Silva, do Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo, um dos grupos fazem parte da União Nacional por Moradia Popular, coordenadora da manifestação.
Outra reivindicação de Neuma é a criação de vagas em creches para facilitar a vida das paulistanas que trabalham e têm filhos pequenos. ;Onde elas vão deixar os filhos para trabalhar?;, pergunta Neuma.
A carta com as demandas dos movimentos por moradia foi protocolada nas secretarias estaduais de Justiça, de Habitação e de Desenvolvimento Social, na prefeitura e no Tribunal de Justiça do estado. ;Não podemos esquecer das milhares de mulheres que são violentadas pelos companheiros. Queremos justiça para que isso acabe;, disse Neuma.
Na manifestação, um dos casos lembrados foi o da advogada Mércia Nakashima, cujo corpo foi encontrado, em maio de 2010, em uma represa no interior de São Paulo. O ex-namorado de Mércia, Mizael Bispo de Souza, foi condenado pela morte.
Na carta, a primeira reivindicação é que 5% de cada conjunto habitacional construído pelos governos municipal, estadual ou federal sejam disponibilizadas para mulheres vítimas de violência doméstica que corram risco de morrer. ;É uma forma de empoderar as mulheres;, explicou Maria das Graças Xavier, integrante da União Nacional por Moradia Popular.
[SAIBAMAIS]As integrantes dos movimentos por moradia pedem também a destinação de 20% das unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida para famílias com renda até três salários mínimos. ;Existe uma normativa que diz que a renda é até R$ 1,6 mil. Com isso, as mulheres que ganham um pouco mais, R$ 1.650 por exemplo, estão ficando de fora;, explicou.
Outra demanda é a retomada da construção de unidades habitacionais em regime de mutirão, com autogestão das entidades. Em relação à Lei Maria da Penha, elas querem a ampliação do número de delegacias da Mulher. ;São Paulo tem mais de 600 municípios e somente 65 delegacias. Além disso, as delegacias não funcionam nos fins de semana e nos feriados;, disse Maria das Graças. Ela ressaltou que o funcionamento tem de ser 24 horas.
Para as mulheres que vivem em situação de rua, os movimentos pedem a criação de políticas de construção de banheiros públicos femininos. ;Não podemos fechar os olhos para essa realidade. Essas mulheres já vivem em uma situação degradante e é preciso cuidar da dignidade delas;, acrescentou Maria das Graças.