Jornal Correio Braziliense

Brasil

Desgaste após denúncias faz governo rever bolsa de médicos cubanos

Preocupado com o impacto eleitoral, Ministério da Saúde define aumento do salário líquido dos profissionais da ilha



Depois do desgaste sofrido pela denúncia de que os cubanos do Mais Médicos recebem, no Brasil, menos de 10% dos R$ 10 mil pagos pelo governo brasileiro como bolsa aos integrantes do programa, o Ministério da Saúde elaborou uma proposta para aumentar em mais de R$ 1,5 mil o salário dos profissionais da ilha caribenha. A pasta quer que o repasse fique entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil. O aumento já foi discutido com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para ser levado a presidente Dilma Rousseff. Agora, cabe a ela e ao governo de Cuba definir se é possível alterar o valor. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que intermedeia o contrato do Brasil com a ilha, também participará da negociação.

A medida vem com a intenção de melhorar a imagem do governo, desgastada com as críticas de que a mão de obra cubana estariam sendo explorada. O receio nem é pelo risco de aumento do número de desertores ; a expectativa do governo é que as desistências fiquem em torno de 3% do total de participantes do programa ;, mas que isso prejudique a vitrine eleitoral do PT no pleito de outubro. Pela proposta, a bolsa de R$ 10 mil repassada à Opas para pagamento de cada cubano inscrito no Mais Médicos fica mantida. A parcela que vai para os cofres do governo dos irmãos Castro é que seria reduzida.

O convênio com Cuba foi bastante criticado por entidades médicas assim que o programa foi lançado, em junho do ano passado, e voltou à pauta após a revelação de que médicos do país caribenho estão aproveitando a presença no Brasil para desertar. O primeiro caso a se tornar público foi o de Ramona Matos Rodríguez, que diz ter deixado o programa por se sentir enganada, após descobrir que outros colegas recebiam a bolsa integral de R$ 10 mil. Ela saiu de Pacajá (PA) em 1; de fevereiro e viajou para Brasília, onde foi acolhida por parlamentares do DEM. O contrato assinado por Ramona com uma estatal cubana previa pagamento mensal de US$ 1 mil (US$ 400 pagos em reais no Brasil, cerca de R$ 950, e US$ 600 depositados em conta em Cuba), para serem sacados apenas quando ela voltasse à ilha.

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