postado em 10/02/2014 12:17
O cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, 49 anos, teve a morte cerebral constatada no começo da tarde desta segunda-feira (10/2). A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Santiago estava internado em estado grave no Hospital municipal Souza Aguiar, desde a quinta-feira (6/2). O profissional foi atingido na cabeça por um explosivo, quando fazia a cobertura de manifestação contra o aumento do valor da passagem de ônibus, na última quinta-feira, próximo à Central do Brasil, no centro da capital fluminense. Ele teve afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda. A equipe médica o submeteu a uma cirurgia para diminuir a pressão craniana, assim que chegou ao hospital. No sábado, uma tomografia comprovou que a hemorragia havia sido controlada, mas o estado de saúde do cinegrafista piorou.
Com mais de 20 anos de profissão, Andrade trabalhava há 10 anos na Rede Bandeirantes, onde participou de diversas reportagens sobre as dificuldades enfrentadas pelos usuários de transporte público. A cobertura jornalística lhe rendeu dois prêmios de Mobilidade Urbana, em 2010 e 2012, ao lado do repórter Alexandre Tortoriello. Santiago era casado e deixa quatro filhos.
Investigação
O momento em que o cinegrafista foi atingido pelo artefato foi registrado por outros profissionais da imprensa e câmeras de vigilância instaladas no Centro do Rio. Após a divulgação das imagens, o tatuador Fábio Raposo se apresentou na 17; DP (São Cristovão), no sábado (8/2). Em depoimento, ele confirmou à polícia ter passado o rojão ao homem que acendeu o artefato que atingiu Andrade. No entanto, o rapaz disse que não conhecia o suspeito de lançar o rojão em meio ao tumulto.
[SAIBAMAIS]Ainda sem identificar esse suspeito, a polícia apura se o rapaz que aparece nas imagens tem ligação com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSol). À polícia, Marcelo Mattoso, estagiário do advogado que defende o suspeito já preso, Jonas Tadeu Nunes, disse que recebeu ligações da manifestante Elisa Quadros, apelidada de Sininho, nas quais ela teria dito que o suspeito conhece o parlamentar. Sininho, que também já foi presa em outro protesto no Rio, teria oferecido ajuda jurídica a Raposo.
O deputado, por sua vez, negou conhecer o homem que acendeu o rojão, em entrevista ao Fantástico. Ele confirma ter recebido ligações da ativista, mas diz que Sininho telefonou para solicitar ajuda ao rapaz por temer que Raposo pudesse ser torturado na prisão. ;É uma das histórias mais absurdas que já vi. Primeiro quero dizer que sou radicalmente contra qualquer forma de violência, seja de manifestante, seja da polícia. (...) Não tenho a menor ideia de quem foi o responsável por aquela ação que vitimou o Santiago, que é uma pessoa conhecida e querida de nós;, disse Freixo. Já o delegado Maurício Luciano, que chamará Sininho para depoimento e não descarta intimar Freixo, afirma que ainda é necessário apurar a declaração do estagiário. ;É muito prematuro fazer qualquer tipo de afirmação;, avaliou.
O advogado de Raposo confirma a ligação de Sininho. ;Essa moça que eu não conheço perguntou meu nome. Eu dei o nome e ela alegou que estava ligando a mando do deputado e oferecendo uma equipe de criminalista para defender o rapaz, o Fábio. E que o outro menino também era companheiro dela;, afirmou Jonas Tadeu.