O cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, 49 anos, teve a morte cerebral constatada no começo da tarde desta segunda-feira (10/2). A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Santiago estava internado em estado grave no Hospital municipal Souza Aguiar, desde a quinta-feira (6/2).
O profissional foi atingido na cabeça por um explosivo, quando fazia a cobertura de manifestação contra o aumento do valor da passagem de ônibus, na última quinta-feira, próximo à Central do Brasil, no centro da capital fluminense. Ele teve afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda. A equipe médica o submeteu a uma cirurgia para diminuir a pressão craniana, assim que chegou ao hospital. No sábado, uma tomografia comprovou que a hemorragia havia sido controlada, mas o estado de saúde do cinegrafista piorou.
Investigação
O momento em que o cinegrafista foi atingido pelo artefato foi registrado por outros profissionais da imprensa e câmeras de vigilância instaladas no Centro do Rio. Após a divulgação das imagens, o tatuador Fábio Raposo se apresentou na 17; DP (São Cristovão), no sábado (8/2). Em depoimento, ele confirmou à polícia ter passado o rojão ao homem que acendeu o artefato que atingiu Andrade. No entanto, o rapaz disse que não conhecia o suspeito de lançar o rojão em meio ao tumulto.
[SAIBAMAIS]Ainda sem identificar esse suspeito, a polícia apura se o rapaz que aparece nas imagens tem ligação com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSol). À polícia, Marcelo Mattoso, estagiário do advogado que defende o suspeito já preso, Jonas Tadeu Nunes, disse que recebeu ligações da manifestante Elisa Quadros, apelidada de Sininho, nas quais ela teria dito que o suspeito conhece o parlamentar. Sininho, que também já foi presa em outro protesto no Rio, teria oferecido ajuda jurídica a Raposo.
O deputado, por sua vez, negou conhecer o homem que acendeu o rojão, em entrevista ao Fantástico. Ele confirma ter recebido ligações da ativista, mas diz que Sininho telefonou para solicitar ajuda ao rapaz por temer que Raposo pudesse ser torturado na prisão. ;É uma das histórias mais absurdas que já vi. Primeiro quero dizer que sou radicalmente contra qualquer forma de violência, seja de manifestante, seja da polícia. (...) Não tenho a menor ideia de quem foi o responsável por aquela ação que vitimou o Santiago, que é uma pessoa conhecida e querida de nós;, disse Freixo. Já o delegado Maurício Luciano, que chamará Sininho para depoimento e não descarta intimar Freixo, afirma que ainda é necessário apurar a declaração do estagiário. ;É muito prematuro fazer qualquer tipo de afirmação;, avaliou.
O advogado de Raposo confirma a ligação de Sininho. ;Essa moça que eu não conheço perguntou meu nome. Eu dei o nome e ela alegou que estava ligando a mando do deputado e oferecendo uma equipe de criminalista para defender o rapaz, o Fábio. E que o outro menino também era companheiro dela;, afirmou Jonas Tadeu.