Policiais federais fizeram nesta sexta-feira (7/2) um ato em frente à superintendência do órgão em São Paulo para reivindicar melhores condições de trabalho. Ao meio-dia, agentes, escrivães e papiloscopistas penduraram as algemas em um painel, em alusão ao jargão ;pendurar as chuteiras;, representando a desmotivação dos profissionais. O "algemaço", como a mobilização foi chamada, é a primeira atividade após ter sido o decretado o estado de greve da categoria, na quarta-feira (5/2). No dia 11, haverá uma paralisação de 24 horas das atividades.
[SAIBAMAIS]O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal em São Paulo (Sindpolf), Alexandre Santana Sally, avalia que a falta de investimentos do governo federal faz com que os profissionais trabalhem de forma inadequada. ;É comum a Polícia Militar fazer uma apreensão de droga, mas a Polícia Federal [PF] lavra o flagrante por ser competência dela;, exemplificou. Ele avalia que, se forem avaliadas as operações exclusivas da PF, as estatísticas vão apontar que houve redução de pelo menos 80% das atividades.
Ele destaca que o ambiente interno da PF é formado por profissionais desmotivados. ;A gestão do órgão é ruim. Não se prioriza a meritocracia [atuação baseada no mérito];, lamentou. Eles reivindicam a reestruturação da carreira com a adequação das funções exercidas pelos agentes. ;Somos um cargo de nível superior, mas nossas atribuições são de nível médio;, explicou. Ele cita o exemplo das atividades de interceptação telefônica e análise de dados. ;Isso é extremamente complexo, uma atividade de nível superior, mas que não tem previsão legal. Já fazemos isso há anos."
Na paralisação nacional da próxima terça-feira, segundo o presidente do sindicato, estima-se que 50% do efetivo deva continuar trabalhando para, além de garantir o patamar mínimo de 30%, não interferir nos serviços à população. A mobilização, no entanto, deve se intensificar ao longo do ano. ;Serviços emergenciais não vão ser interrompidos;, declarou. Entre eles, estão as investigações complexas, a escolta de presos e o serviço de imigração.
Procurada, a assessoria da Superintendência da PF em Brasília disse que não vai se pronunciar.