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Rolezinho: 'a melhor saída é fechar os shoppings', diz Luiz Fernando Veiga

Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira dos Shoppings Centers, diz que, em caso de tumulto, fechar os estabelecimentos é a única solução para garantir a segurança

São Paulo ; Um dia depois da reunião entre as lideranças dos rolezinhos e administradores de shoppings centers de São Paulo, o presidente da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, disse, nesta quinta-feira (30/01), que não há solução ;ótima; para os encontros marcados pela internet, que reúnem centenas de jovens da periferia em estabelecimentos comerciais. ;Se for uma reunião civilizada ninguém vai fazer nada. Mas se houver tumulto, a melhor saída é fechar as portas;, afirmou.

[SAIBAMAIS]Veiga disse que os shoppings estão de portas abertas para todos, mas quando grandes grupos provocam tumultos, a decisão é de cada administrador sobre como agir. ;A Abrasce não fez nenhuma recomendação, mas achamos que tumulto só se previne fechando os shoppings. Se um grupo de mil senhoras evangélicas entrar cantando alto e incomodar o restante dos frequentadores, também vamos agir dessa forma. Não é discriminação de credo, raça, condição econômica ou qualquer preconceito, apenas uma forma de evitar confusão e assegurar a tranquilidade dos clientes;, comparou.

O presidente da Abrasce destacou que, na reunião da terça-feira, os líderes dos rolezinhos afirmaram que não têm locais de lazer e por isso marcam os encontros nos shoppings. Os administradores, então, entraram num acordo para que as reuniões sejam avisadas aos estabelecimentos, que poderão ou não ceder seus espaços para os grupos de jovens.

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Veiga disse que a entidade ainda não estimou os prejuízos para o setor. Mas minimizou o impacto para os lojistas. ;Para os empresários, os efeitos dos rolezinhos são pontuais e recuperáveis. Equivalente a um dia de tempestade ou forte chuva, que também representa queda do movimento em shoppings. Nada que não seja revertido depois;, disse. Ele ressaltou, contudo, que o maior prejuízo é dos vendedores. ;Para quem vive de comissão, três dias sem vendas é um abalo muito maior do que para lojistas e shoppings, que, em geral, têm redes maiores que compensam a perda pontual em uma filial ou unidade;, explicou. ;Quem sai prejudicado é o vendedor, muitas vezes morador da periferia e conhecido das comunidades dos jovens que promovem o rolezinho;, acrescentou.

Em dezembro, os tumultos aconteceram em apenas dois shoppings de São Paulo e o impacto nas vendas nem foi sentido, conforme Veiga. O setor cresceu 10% no mês passado, na comparação com dezembro de 2012. ;Em janeiro os movimentos em shoppings pelo Brasil se intensificaram, mas ainda não temos como calcular. Acredito que não seja nada significativo. Foi mais o susto;, reiterou.

O presidente da Abrasce disse que o número de shoppings instalados na periferia está aumentando, porém ele não soube precisar as informações. ;Não sei exatamente em quanto, mas há um movimento grande de interiorização dos estabelecimentos e com certeza muitos estão se posicionando na periferia;, destacou. Veiga disse, ainda, que nenhum estabelecimento é focado em classe A, B ou C. ;O que determina isso é o mix de lojas que será oferecido dentro do shopping;, observou. Entretanto, segundo os dados do último censo do setor, apresentado nesta quinta-feira pela própria Abrasce, o perfil dos consumidores que frequentam os shoppings do Brasil é composto 22% pela classe A, 41% pela B e 37% pela C.

"Ninguém quer discriminar ninguém. O jovem que hoje vai no rolezinho, não compra nada e come apenas um sanduíche pode ser um consumidor potencial mais tarde e queremos fidelizá-lo desde já. Por isso, shoppings estão sempre de portas abertas para pessoas com atitudes civilizadas", resumiu Veiga.