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Sem-teto fazem protesto por moradia digna no centro de São Paulo

O MTST disse que os manifestantes ocuparam há cerca de um ano um terreno do governo estadual e agora estão ameaçados de despejo por uma decisão judicial

Cerca de 100 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, fazem nesta quinta-feira (30/1) um protesto em frente à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no centro da capital paulista, para reivindicar moradia digna. De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), os manifestantes ocuparam há cerca de um ano um terreno do governo estadual e agora estão ameaçados de despejo por uma decisão judicial. A área, batizada de Vila Sílvia, fica no bairro São Miguel Paulista, na zona leste, e, segundo o movimento, abriga cerca de 400 famílias.

"As famílias têm até hoje para deixar a área pacificamente. Vamos pedir a extensão desse prazo para a gente ganhar tempo e negociar as moradias", explicou Jussara Basso, integrante do MTST. Uma comissão foi recebida pelo presidente do órgão estadual, Milton Dallari. Na avaliação do movimento, 200 pessoas participam da mobilização.



O grupo saiu da Praça da Sé por volta das 11h, caminhou pela Rua Boa Vista, onde fica a CDHU. Ao passar em frente ao prédio da Associação Comercial de São Paulo, onde um painel informa o valor dos impostos pagos pelos brasileiros neste ano, os manifestantes fizeram uma parada e gritaram palavras de ordem. "Esse dinheiro é nosso. Das nossas crianças", disseram alguns.

Muitas crianças participam da manifestação. "Além de demonstrar o absurdo que vai ser despejar todas essas famílias, a gente queria fazer um protesto pacífico", explicou Jussara. Uma das moradoras da Vila Sílvia é Patrícia Ferreira, 34 anos. "Tenho seis filhos. O mais novo tem 3 anos e o mais velho, 18. Se tirarem a gente daqui, eu volto no outro dia, porque não tenho para onde ir", acrescentou.

Janaína dos Santos, 26 anos, também não tem para onde ir. "Vim para cá com a minha filha há uns dois meses. Antes disso, passei duas noites na rua", relatou, ao lado da filha de 4 anos. Sem a ajuda do pai da criança, ela conta com a solidariedade da vizinhança para sobreviver. "Pelo menos agora tenho um barraco de madeira. Mas eu queria mesmo uma moradia", disse.