O Programa De Braços Abertos cadastrou 360 usuários de crack que vivem na região da Luz, no centro da capital paulista. A iniciativa da prefeitura busca atender aos dependentes, oferecendo auxílio financeiro, moradia, trabalho e capacitação profissional. O balanço divulgado nesta quarta-feira (29/1) contabiliza 127 atendimentos médicos, sendo que em 95 pessoas foram encaminhadas para pequenos cuidados, com ferimentos ou torções.
Desde o início da operação há 15 dias foram apreendidas 1,1 mil pedras de crack. Durante todo o mês de janeiro as policias Civil e Militar apreenderam 891 quilos da droga na região chamada Cracolândia, onde é desenvolvida a ação.
Para o prefeito Fernando Haddad, os números são importantes porque mostram que o chamado fluxo [de viciados e traficantes] diminui dia a dia, envolvendo as pessoas com trabalho, com a terapia. Ele destaca que a operação da prefeitura e da polícia faz com que ;aquela região da cidade vá perdendo interesse para o narcotráfico que não vê mais ali ambiente para as suas atividades;, destacou o prefeito.
Haddad apresentou os resultados do programa ao lado do secretário de Estado de Segurança Pública, Fernando Grella. Ambos ressaltaram o trabalho conjunto - de assistência social e policial - desenvolvido na área, apesar do desentendimento em relação a intervenção da Polícia Civil na última quinta-feira (23).
Na ocasião, agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) usaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra usuários de drogas. Funcionários da prefeitura que faziam assistência aos dependentes também foram atingidos.
Grella disse o problema foi pontual. ;É algo superado, porque nós temos um compromisso maior de trabalharmos juntos, cooperarmos;, ressaltou o secretário. Segundo ele, nos últimos dias, 25 pessoas foram presas em flagrante na Cracolândia por crimes como tráfico e roubo, além da captura de foragidos.
A Polícia Militar (PM) mantém 122 homens na área, divididos por turnos e apoiados por motos e bases fixas. A Guarda Civil Metropolitana tem 120 agentes com oito viaturas e duas motos. ;O trabalho tem como objetivo não deixar que ali se torne uma zona livre de tráfico de entorpecentes;, acrescentou o secretário.
Haddad destacou que a ação do Denarc não afetou a confiança dos dependentes químicos no programa municipal, como a prefeitura temia. ;Nós não perdemos a confiança dos beneficiários do programa, porque na sexta-feira (24) a Operação Trabalho funcionou normalmente. O atendimento social e médico funcionou normalmente;, pontuou. De acordo com o prefeito, alguns usuários pediram o aumento da carga de trabalho para ficarem mais tempo afastados das ruas.
O programa da prefeitura acolhe dependentes químicos em hotéis da região central e oferece uma bolsa para que eles trabalhem por quatro horas por dia no serviço de limpeza de ruas, calçadas e praças no centro da cidade. Cada usuário recebe um salário mínimo e meio, que inclui os gastos com alimentação, hospedagem, além de R$ 15 por dia de trabalho.