Jornal Correio Braziliense

Brasil

Governo do Acre pede ajuda para haitianos abrigados em Brasiléia

Pelas contas do governo acreano, mais de 15 mil pessoas passaram pela fronteira desde dezembro de 2010

O governo do Acre deve anunciar, nos próximos dias, medidas emergenciais para atender 160 mulheres e dez crianças haitianas abrigadas em Brasiléia, a 200 quilômetros da capital, Rio Branco. O abrigo acolhe 1,2 mil pessoas que entraram no Brasil de forma irregular, pela fronteira com a Bolívia e com o Peru.

Criado pela União e mantido em parceria com o governo estadual, o abrigo deveria receber 450 pessoas, mas atingiu, este ano, quase o triplo da capacidade. A ideia, segundo o secretário de Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, é encontrar uma forma de oferecer melhores condições a mulheres e crianças.

;Para o resto [dos haitianos] não tem jeito, não tem saída;, antecipou Mourão que esteve hoje no município. Ele disse concluirá um relatório com detalhes sobre a situação, para que o governador Tião Viana tente encontrar ajuda no governo federal.

;A qualquer momento podemos viver uma tragédia por doença ou fogo. Temos problemas de água, logística e alimentação. São 3,6 mil refeições por dia;, descreveu. A proposta do secretário é suspender a entrada dos imigrantes ;até que os abrigados sigam viagem, porque elas não vêm para ficar no Acre. Querem seguir para São Paulo ou para o Sul do país;, disse. Outra possibilidade é a abertura de um segundo abrigo.

Pelas contas do governo acreano, mais de 15 mil pessoas passaram pela fronteira desde dezembro de 2010. O número é maior do que o de habitantes da área urbana da cidade de Brasiléia, que é 10 mil pessoas. O movimento na fronteira do Brasil com o Peru quase triplicou em uma semana, com a entrada de mais de 70 haitianos por dia.



O representante da secretaria que trabalha em Brasileia, Damião Borges, lembrou que as empresas que contratam os migrantes atuam em setores como o da construção civil e metalurgia e, por isto, procuram, basicamente, mão-de-obra masculina.

;Em cada dez pessoas, quatro mulheres chegam, muitas idosas, doentes e crianças. Além disto, das 10 mil pessoas contratadas por empresas, 5 mil largam o emprego nos primeiros três meses;, explicou.

Damião Borges disse que enfrenta um outro problema: a insatisfação dos moradores com as dificuldades de acesso aos serviços básicos, como o sistema de saúde, porque os haitianos também devem ser atendidos. ;A população não tem aguentado mais e a gente [governo do estado] sente a pressão;, disse.