São Paulo ; Usuários de crack que vivem na favela montada na região da Cracolândia, na capital paulista, começaram a ser removidos nesta quarta-feira (15/1) pela prefeitura. Os dependentes estão sendo encaminhados para hotéis próximos, onde vão receber alimentação, e terão duas horas diárias para tratamento médico, além do trabalho de quatro horas por dia em operações de limpeza da prefeitura.
A favela da Cracolândia, localizada na Alameda Dino Bueno, região central da capital, tem 147 barracos com 300 moradores. ;As pessoas todas foram se acumulando aqui nesses barraquinhos, que se transformaram na favelinha da Cracolândia, porque elas estavam alojadas em prédios que foram demolidos;, explicou o secretário municipal de Saúde, José de Filippi Junior.
De acordo com o secretário, a prefeitura disponibilizou 400 vagas no programa. Nessa terça-feira (14/1), aproximadamente 100 pessoas se anteciparam e já deixaram os barracos. A expectativa é que mais 100 se mudem hoje para os hotéis. ;Não estamos com pressa, estamos fazendo de forma organizada, respeitando o ritmo das pessoas;, explicou.
Cada usuário vai receber bolsa de um salário mínimo e meio, o que inclui os gastos com alimentação, hospedagem, além do pagamento de R$ 15 por dia de trabalho. Os dependentes não são obrigados a fazer tratamento, mas passarão por uma avaliação médica.
[SAIBAMAIS]A secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, informou que o pagamento aos hotéis será renovado mensalmente e que não existe prazo determinado para que cada usuário permaneça nos locais. A assistência social, explicou ela, tem conversado com as famílias e, só depois da concordância, os barracos são desmontados. ;Não temos pressa de acabar essa ação, isso está indo no ritmo deles, sem violência;, disse ela.
Patrícia Almeida Cardoso, de 42 anos, conta que mora na Cracolândia há um ano. Usuária de crack há mais de cinco anos, ela aprovou a medida e disse que está disposta a começar a trabalhar. ;Queria trabalhar, não consigo trabalho porque tenho passagem [ela é ex-presidiária]. Eu não roubo, só cato latinha;, disse.
Outro usuário que não quis se identificar disse que usou crack durante oito anos, mas parou em 2008. ;Quem quer parar, para;, disse. Apesar de não usar mais a droga, ele conta que continuou na Cracolândia com a mulher e um filho de um ano e quatro meses por falta de opção de moradia. Ele, que também é ex-presidiário, cumpriu pena por tráfico de drogas e conta que está otimista com o programa. ;Vai ser melhor do que ficar na rua, porque lá ninguém te rouba;, acrescentou.