Duas das quatro vítimas do ônibus incendiado em São Luís (MA), na última sexta-feira (3/1), vão receber tratamento médico em outras unidades da Federação. Juliane Carvalho Santos, 22 anos, deve ser transferida para Brasília (DF) ainda nesta quinta-feira (9/1). Marcio Ronny da Cruz, 37 anos, deu entrada ontem no Centro de Referência de Queimados do Hospital Geral de Goiânia (HGG), em Goiás.
Juliane é mãe das meninas Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, e Lorane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses. Ana Clara teve 95% do corpo queimados e morreu nessa segunda-feira (6/1). Lorane teve 20% do corpo queimados, principalmente as pernas e o braço esquerdo, e teve que ser internada no Hospital Estadual Infantil Juvência Matos, em São Luis. Segundo a Secretaria de Saúde do Maranhão, Lorane passa bem e deve receber alta em breve.
Ainda de acordo com a secretaria estadual, Juliane, que teve 40% do corpo queimados, não necessitaria ser transferida para Brasília, pois seu quadro clínico está estabilizado. A transferência, segundo a secretaria, foi pedida pela família da paciente, pois ela tem parentes na capital federal. Juliane será transportada a bordo de uma UTI Aérea que o governo estadual alugou de uma empresa de Goiânia e será internada na Ala de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A expectativa é que ela chegue em Brasília por volta das 23 horas de hoje.
A quarta vítima que continua sob cuidados médicos, Abynancy Silva Santos, 35 anos, continua internada no Hospital de Referência Tarquínio Lopes Filho, de São Luís. Seu quadro também é estável. Com 10% do corpo queimados, ela continua sendo submetida a curativos cirúrgicos.
Na avaliação das autoridades maranhenses, os ataques criminosos foram uma reação às medidas adotadas para combater a criminalidade nas unidades prisionais da capital, que, desde outubro de 2013, passaram a ser vigiadas por homens da Força Nacional e da Polícia Militar. Ainda segundo as autoridades maranhenses, os ataques a ônibus e delegacias de São Luís foram ordenados por criminosos detidos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior do estado.
A falta de segurança e os problemas infraestruturais dos estabelecimentos prisionais maranhense são alvo de preocupação de especialistas há anos, tendo sido objeto da análise da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, entre 2007 e 2008.
O problema voltou a vir à tona em outubro de 2013, quando uma rebelião no Complexo de Pedrinhas deixou nove mortos e vários feridos. Apesar da presença da Força Nacional e da Polícia Militar, duas mortes foram registradas em Pedrinhas nos primeiros dias do ano. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 60 presos foram assassinados no interior de unidades prisionais durante o ano passado.