O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu nesta quarta-feira (4/12), mais uma vez, as críticas de parlamentares do PSDB por sua conduta no caso Siemens. Cardozo repetiu o que disse ontem em audiência no Senado. "Não posso prevaricar. Se eu não encaminhasse este documento, incorreria em delito e em uma postura incompatível com a ética que o cargo exige", reiterou o ministro. Cardozo falou durante uma audiência pública da Câmara dos Deputados.
No final de novembro, a divulgação de um dossiê gerou polêmica por envolver nomes de políticos do PSDB em irregularidades nas licitações para obras do metrô de São Paulo. O vazamento levou a troca de acusações entre tucanos e petistas. O ministro informou ter recebido uma pasta de documentos no dia 11 ou 12 de maio deste ano, com indícios de irregularidades nas licitações. O material foi entregue por Pedro Simão, secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo, na residência do ministro.
A primeira informação da Polícia Federal (PF) era que o dossiê havia sido encaminhado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Depois, Cardozo disse que foi ele quem recebeu o material do deputado licenciado Simão Pedro (PT-SP) e o repassou à PF para verificar a "plausibilidade dos documentos".
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que o ministro agiu politicamente, ao encaminhar a investigação para a PF apurar, visando a atingir o PSDB. "Nunca vi um ministro da Justiça agir assim", criticou. Cardozo reagiu e disse que aprendeu a investigar com o deputado e lembrou que Sampaio tinha dito que o durante o governo do ex-presidente Lula, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, prevaricou ao não encaminhar uma denuncia apócrifa para a PF.
"Não discriminei nada, porque não posso fazer isto. Aprendi com vossa excelência na ocasião, que acusou o ministro Tarso Genro de ter prevaricado por não pedir a investigação", disse Cardozo.
"Não me parece justo que quando a PF faz uma averiguação envolvendo pessoas do meu partido (PT), quando houve a apreensão de documentos no escritório da presidência da República, em São Paulo, é aplaudida e quando investiga o seu partido a instituição é criticada", finalizou.
Cardozo também negou que teria facilitado o vazamento de denúncias e defendeu que os parlamentares que tiveram os nomes citados peçam a perda do sigilo das investigações. "Como várias partes do inquérito já vazaram, sugiro que seja pedido a perda do sigilo e que possamos aprofundar as investigações", disse o ministro que estimou que os recursos desviados somam mais de R$ 500 milhões.