Jornal Correio Braziliense

Brasil

Operador do guindaste que provocou acidente no Itaquerão nega falha humana

O acidente matou duas pessoas no último dia 27. O operário prestou depoimento nesta quarta-feira (4/12) no 65º Distrito Policial, em Itaquera, zona leste paulistana

O operador de guindaste José Walter Joaquim, que içava a última peça da cobertura do estádio do Corinthians, o Itaquerão, quando ocorreu o acidente que matou duas pessoas no último dia 27, negou ter falhado durante a operação e disse que aguarda a perícia técnica para saber o que provocou a queda da grua. O operário prestou depoimento nesta quarta-feira (4/12) no 65; Distrito Policial, em Itaquera, zona leste paulistana.

;Ele não tem uma explicação exata para o que ocorreu. Fizeram todo um planejamento [para o trabalho], segundo ele;, disse o delegado Luiz Antônio da Cruz, responsável pelas investigações.

De acordo com o depoimento, um plano de trabalho feito pela Construtora Odebrecht e validado pela empresa Locar, que operava o guindaste, mostrou que as condições técnicas de vento, chuva e solo eram favoráveis para o trabalho naquele dia. ;Não tinha problemas com o solo, o tempo estava bom e ele disse, inclusive, que fez os outros 37 içamentos [da obra];, informou o delegado.

Segundo Luiz Cruz, o operador disse ainda que tentou várias vezes colocar a peça no local, mas não foi possível. Em seguida, o supervisor da operação pediu para que saísse do guindaste.

O advogado da Locar, Carlos Kauffmann, acompanhou o depoimento do funcionário da empresa e, na saída, fez questão de destacar as qualificações técnicas do seu assistido. ;Ele tem 34 anos de experiência como operador de guindaste. Desde que esse equipamento chegou no Brasil, ele opera. Tem longa experiência;, informou. O defensor disse também que esse foi o primeiro acidente da carreira do operador e que o mesmo não relatou haver insegurança em relação ao solo no dia da ocorrência. ;Se estivesse inseguro, não teria feito a operação;, garantiu.



Kauffmann reforçou que, para ele, o erro humano está descartado e que a máquina está sendo submetida a análise de engenheiros e dos fabricantes, e só então poderá ser constatado se houve falha mecânica. ;Qualquer desconfiança é suposição. Ele [operador] não tem hipótese. Ele trabalha com dados técnicos também. Vamos aguardar o laudo técnico para saber qual foi a causa;, apontou.

Por outro lado, o delegado informou que um disco rígido com dados da máquina, o equivalente a uma caixa-preta do guindaste, será analisado na Alemanha, país de origem do fabricante. Ele disse que permanecerá colhendo depoimentos enquanto aguarda o laudo pericial, que deve ficar pronto até o fim deste mês. ;Posso até fazer outras oitivas diante do que o perito me passar;, declarou.

Na próxima semana, o delegado deve chamar o supervisor da Locar que acompanhava o trabalho do operador de guindaste. O prazo para finalização do inquérito é 30 dias, mas ele pode pedir prorrogação do prazo. Segundo Cruz, primeiro estão sendo chamados funcionários responsáveis pelas atividades, como engenheiros, e os que estavam diretamente envolvidos com a ocorrência, para, em seguida, ouvir outros operários.

Na manhã de hoje, representantes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 visitaram o canteiro de obras do estádio do Corinthians, que sediará a abertura dos jogos em junho do próximo ano.

Ontem (3/12), as entidades informaram que quatro dos seis estádios ainda não concluídos ; os de Cuiabá, Manaus, Natal e Porto Alegre - estão sendo preparados para fazer o primeiro evento em janeiro próximo. Além desses, o de Curitiba também pode ser inaugurado em janeiro.

Quanto ao Itaquerão, a Fifa e o COL disseram que é prematuro fazer uma avaliação concreta, porque o relatório técnico e a investigação das autoridades locais sobre o acidente ainda não foram concluídos.