O envolvimento em um grande esquema de tráfico de drogas levou para a cadeia o filho do ex-atacante João Bosco do Santos, conhecido como Buião, um dos artilheiros do Clube Atlético Mineiro na década de 1960. Juliano Barros Vercesi dos Santos, de 32 anos, usava o sítio da família, em Vespasiano, na Grande BH, para esconder mais de uma tonelada de maconha, 37 quilos de cocaína, armas e objetos usados por um narcotraficante no comércio dos entorpecentes. O material foi apreendido em uma operação do Departamento Antidrogas da Polícia Civil, que resultou ainda na captura do dono das drogas, que cumpria prisão domiciliar, e do braço direito dele.
Juliano confessou o crime e disse que tinha a função apenas de guardar o caminhão com as drogas. Quando os policiais ainda estavam no sítio tiveram uma surpresa incomum: o dono do material e o braço direito dele chegaram ao local e foram presos em flagrante. "Acreditamos que ele foi lá provavelmente para conferir o carregamento que havia chegado na noite anterior. Foi o dia de sorte da polícia", comemora Lobato.
Ainda segundo o delegado, a droga teria vindo do Mato Grosso escondida no fundo falso de outro caminhão e o transbordo ocorreu no sítio. No local a polícia ainda encontrou seis carros, alguns de luxo e também roubados. Os veículos estavam com placas clonadas.
Além de Rildo, que por cumprir prisão domiciliar usava tornozeleira eletrônica, foi preso Flavian Dias de Souza, de 25. Souza é apontado como o braço direito do narcotraficante e teria a função de fazer o contato com os traficantes de Minas Gerais . Dos três detidos, apenas Rildo tem passagem na polícia. Todos os envolvidos foram apresentados ontem.
Fachada
De acordo com o delegado Júlio Wilke, que comandou a operação, Rildo passou os últimos dois anos no regime semiaaberto na Casa do Albergado João Pessoa, no Bairro Santa Cruz, Região Nordeste de Belo Horizonte, mas deixava o local para trabalhar e só retornava à noite. Durante o período da pena, ele continuava os negócios no tráfico, mas mantinha duas autoescolas, uma na capital e outra em Sabará, na Grande BH, para lavar o dinheiro arrecadado de forma ilícita. Desde junho Rildo estava em regime de prisão domiciliar e era monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Ainda segundo Wilke, os traficantes que revendiam a droga de Rildo também serão alvo de investigação.
Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações ficarão à cargo de outra equipe da Civil. Para o delegado Márcio Lobato, há indícios de que o traficante fazia a lavagem do dinheiro. "Ele possui empresas que dava ares de legalidade a sua prosperidade. Mas, na verdade, o narcotráfico era a sua atividade mais rentável e ele mantinha há muitos anos atividade de tráfico acobertada por essa atividade lícita", diz Lobato.